Em rádio de deputado do PP, Moro diz que deixou governo "também" por posição de Bolsonaro sobre pandemia

Buscando espaço na mídia em sua pré-campanha para 2022, Sérgio Moro deu entrevista em rádio de deputado do PP que reclamou de salário de R$ 25 mil: "Não compra metade de um carro popular"

Sérgio Moro - Foto: Pedro de Oliveira/Alep
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Buscando espaço a cada dia para não sair da mídia e dar sequência à sua pré-campanha à presidência em 2022 - embora negue que será candidato a cada entrevista -, o ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro Sérgio Moro afirmou que a política de combate ao coronavírus também pesou em sua decisão de deixar o governo Jair Bolsonaro.

“É preciso colocar a bola no chão, essa questão da pandemia não é ideologia. Medicamento, vacina é questão de ciência. Apesar de ser de outra pasta, esses posicionamentos sobre a pandemia também pesaram na minha decisão de deixar o governo", disse Moro em entrevista a Denise Mello na rádio Banda B.

A emissora pertence ao deputado estadual Luiz Carlos Martins, do PP, que cumpre seu sétimo mandato na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O PP é um dos principais partidos investigados pela Lava Jato e faz parte do Centrão, que negociou cargos para a formação de uma base bolsonarista no Congresso.

Em setembro do ano passado, Martins se notabilizou por reclamar do salário de R$ 25,3 mil como deputado, dizendo que houve um achatamento do ganho.

"Nós não podemos esquecer a questão de salários, inclusive nós aqui da Assembleia também tivemos um achatamento salarial. O salário de deputado, você ia em uma concessionária e comprava um carro zero da melhor qualidade. Hoje, você não compra metade, não paga metade de um carro popular", afirmou o deputado à época.

Na entrevista ao rádio do parlamentar paranaense, Moro disse, no entanto, que a tentativa de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal teve o maior peso na decisão de deixar o governo, um ano e cinco meses após ser alçado ao "super ministério" da Justiça.

"Eu fui percebendo que minha agenda estava sendo esvaziada, com a transferência do Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras], depois a mudança do meu nome indicado ali. No Projeto Anticrime eu não sentia aquele apoio necessário e algumas inserções que não eram positivas pelo Congresso e que o presidente se negou a vetar, algumas que afetavam diretamente a Lava Jato. A gota de água, porém, foi sim a Polícia Federal, já que acredito que mudança lá não é tão simples, já que é necessário manter a autonomia da corporação”, disse.