Em reunião sobre coronavírus, Guedes reclama sobre aprovação de BPC e irrita deputados

Ministro disse que a responsabilidade pela doença é do Congresso, mas parlamentares estariam "reagindo ao governo" ao aprovar "mais despesas"

O ministro Paulo Guedes - Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, participou de uma reunião emergencial com deputados para debater sobre os efeitos do avanço do coronavírus. Contudo, ministro usou sua fala para transferir a responsabilidade ao Legislativo e reclamar de medidas aprovadas no Congresso, como a ampliação do Benefício de Prestação Continuada (BPC), dizendo que parlamentares estariam "reagindo ao governo" e aprovando "mais despesas".

O BPC havia sido aprovado poucas horas antes do encontro e é pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. "O Congresso reage (ao governo) e aprova mais despesas, que não são as que queremos atingir, derrubamos o teto (de gastos), vamos para LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), o governo trava os recursos, onde vamos parar? Queremos processo de confronto agora? Disputa política hoje? Ou hoje temos que estar juntos para dar uma solução para a população brasileira?", questionou Guedes.

Com relação ao coronavírus, parlamentares disseram ao Estado de S.Paulo que ministro quis "enquadrar" o Legislativo para tirar a responsabilidade do Executivo. "A solução é política, e ela é dos senhores. A coisa técnica, o mapa técnico, nós temos, sabemos como ligar as torneiras, sabemos como despejar o dinheiro, realocar o dinheiro, vamos acelerar as reformas. Agora, tem uma coisa que é inescapável, a solução é política", disse. 

Apesar de Guedes transferir a responsabilidade ao Legislativo, a doença tem sido usada pelo Ministério da Economia como argumento para justificar o baixo crescimento econômico do país, com resultado pífio do PIB e aumento progressivo do dólar.

Alguns parlamentares se retiraram da sala com a fala do ministro. Coube ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, acalmar os ânimos. "Não é possível isso, é inacreditável. Estamos falando de um caso grave, um caso concreto no nosso País, onde todos nós temos que ter a responsabilidade do tamanho das nossas obrigações. Vamos aguardar e ouvir o ministro da Economia, o ministro da Saúde, as autoridades do governo e vamos fazer a nossa parte no Congresso, por favor. Depois a gente discute no plenário", disse Alcolumbre. 

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