Enquanto fome cresce no Brasil, Bolsonaro ataca Venezuela: "Comeram todos os animais"

O presidente ainda classificou a decisão do STF de permitir o fechamento de igrejas como o "absurdo dos absurdos"

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O presidente Jair Bolsonaro resolveu passear por Brasília sem máscara neste sábado (10) e usou do aumento da fome para atacar adversários políticos, como se não fosse ele o presidente da República. O mandatário encontrou refugiados venezuelanos, atacou o governo de Nicolás Maduro e disse que o aumento da fome no Brasil é fruto do isolamento social.

"Eu tô com um cachorrinho aqui. Na Venezuela esse cachorrinho estaria como? Não tem mais animais na Venezuela, comeram tudo. Não só cachorro e gato, até cavalo", disse o presidente, repetindo uma fake news que tem sido difundida por ele já desde no ano passado.

"Um país riquíssimo em ouro e petróleo. O início da ditadura venezuelana, o pessoal mais rico foi embora, muitos para os Estados Unidos, e agora vem os pobres. Nós não queremos que o Brasil se transforme em uma Venezuela. Temos o exemplo de outros países da América do Sul de achar que o socialismo é bonito. Na Venezuela hoje são todos iguais na miséria, morrendo de fome", completou.

Os ataques à Venezuela tentam esconder o fracasso do governo no enfrentamento à pandemia. Enquanto o vírus se espalha, a fome avança no país que se recusa a implementar um auxílio emergencial pujante. O estudo "Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil", realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan), mostra que a segurança alimentar brasileira caiu para apenas 44,8% em 2020 – era de 77,1% em 2013. A insegurança alimentar (leve, moderada ou grave) chega a 55%.

O presidente atribui ao isolamento social o aumento da fome, lavando as mãos sobre essa situação dramática. "Se ficar em casa o dia todo, vai acabar morrendo de fome", disse. O auxílio emergencial, interrompido e reduzido pelo governo, tinha como objetivo, exatamente, impedir que pessoas morram de fome.

Maduro

O presidente Nicolás Maduro também tem subido o tom contra Bolsonaro em razão da explosão de variantes do Sars-Cov-2 no Brasil. Maduro disse que a variante de Manaus, a P1, deveria se chamar "mutação Bolsonaro". “A mutante brasileira deveria se chamar ‘mutante Bolsonaro’, porque ele é culpado por abandonar o seu povo, por ser louco, insensível, psicopata. O Brasil é o epicentro mundial da variante mais perigosa da Covid”, disse o venezuelano.

O governo venezuelano, que critica o negacionismo de Bolsonaro, chegou a doar cilindros de oxigênio a três estados brasileiros durante a crise: Amazonas, Roraima e Amapá.

Governadores e STF

O presidente ainda atacou governadores e o Supremo Tribunal Federal (STF) em razão do fechamento de igrejas. "O pessoal que me acusa de ditador, nunca viram um só gesto em que fugi da Constituição. Tudo tem limite, não abusem da paciência do povo brasileiro. Lamento os superpoderes que o STF deu a prefeitos e governadores, fechando, inclusive, salas, igrejas de cultos religiosos, um absurdo dos absurdos", declarou. "A guerra de informações estamos traçando", completou.

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