Está difícil conciliar os desejos de Bolsonaro com a realidade, desabafa Teich

Ministro teria reclamado sobre a insistência do presidente com relação à flexibilização do isolamento social e ao uso de cloroquina

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O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse para pessoas próximas que está encontrando dificuldades em conciliar os desejos do presidente Jair Bolsonaro, em relação à pandemia do coronavírus, com o que é possível fazer conforme os preceitos da ciência. A informação é da coluna de Denise Rothenburg, no Correio Braziliense.

O presidente tem defendido a flexibilização do isolamento social e o uso da cloroquina para tratar a doença, por exemplo. Ambas são medidas que têm sido refutadas por estudos científicos e também pelo ministro. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) prega o isolamento social como uma das principais medidas contra o coronavírus.

Teich, no entanto, tem sido desautorizado pelo presidente desde que assumiu a pasta, há quase um mês. Em coletiva de imprensa no Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre o posicionamento do ministro com relação ao isolamento social e o uso da cloroquina. Como resposta, o ex-capitão sinalizou que "quem manda é ele".

“Olha só, todos os ministros, eu já sei qual é a pergunta, têm que estar afinados comigo. Todos os ministros são indicações políticas minhas e quando eu converso com os ministros eu quero eficácia na ponta. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, é o que está acontecendo”, disse, após ouvir gritos de guerra da milícia virtual que está acampada na Praça dos Três Poderes e foi saudá-lo na porta do Alvorada.

Ainda nesta semana, Teich foi surpreendido com um decreto de Jair Bolsonaro liberando academias e salões de beleza como atividade essencial durante o isolamento. O ministro estava em coletiva de imprensa quando foi informado pelos próprios jornalistas sobre o decreto.

Demissão

Por conta da discordância de opiniões, a demissão de Nelson Teich já seria uma possibilidade para o presidente. De acordo com a coluna Radar, da Veja, Bolsonaro já teria convidado o general Eduardo Pazuello para assumir o Ministério da Saúde.

Pazuello, que foi colocado como número 2 da pasta para tutelar o ministro, já teria dito que aceita assumir o cargo.