"Estado é laico, mas não é laicista", diz Damares para justificar agenda intensa com lideranças evangélicas

Ministra criticou reportagem que mostra que ela se reuniu com dezenas de lideranças religiosas e conservadoras, incluindo defensores da “cura gay” e movimentos contra a legalização do aborto. "Com lideranças esquerdistas é que não faremos"

Damares Alves durante seminário de cura gay (Reprodução )
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Cumprindo agenda intensa para desenvolver políticas públicas sob orientação de lideranças evangélicas, Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, afirmou nas redes sociais nesta terça-feira (12) que o "Estado é laico, mas não é laicista", para defender encontro com defensores da cura gay e grupos contra a legalização do aborto. "Mais de 300 dias de governo e somente 31 agendas com lideranças religiosas e conservadoras? Tá pouco. Vamos aumentar isso aí. Com lideranças esquerdistas é que não faremos", disse a ministra, compartilhando print de reportagem do site Huffpost, que mostra que a agenda de Damares é marcada por reuniões com religiosos e conservadores. A ministra de Jair Bolsonaro, que fazia "cura gay" em oficinas evangélicas, fez questão de dizer que não é proibida a influência religiosa nas políticas públicas - laicidade - no estado brasileiro, que é laico. "Aos juristas de última hora esclareço que o Estado é laico, mas não é laicista. Ou seja, não há qualquer norma que proíba agendas com segmentos religiosos. E todas foram realizadas tendo como objetivo o desenvolvimento de projetos de interesse público", afirmou. A reportagem, de Marcella Fernandes, afirma que a ministra se reuniu com dezenas de lideranças religiosas e conservadoras nos dez primeiros meses do governo Jair Bolsonaro, incluindo defensores da “cura gay” e movimentos contra a legalização do aborto. "A agenda ideológica abrange eventos internacionais, incluindo encontro com representantes da União Conservadora Americana, responsável por organizar, nos Estados Unidos, a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC)", diz a reportagem.