Estudo usado por Nise Yamaguchi para defender hidroxicloroquina foi descontinuado em dezembro, aponta Alessandro Vieira na CPI

A médica demonstrou na CPI do Genocídio que não sabia desse "detalhe"

A médica Nise Yamaguchi (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)
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Durante audiência da CPI do Genocídio com participação da oncologista Nise Yamaguchi, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) destacou que o estudo usado por ela para defender o suposto "tratamento precoce" com hidroxicloroquina contra a Covid-19 foi encerrado sem uma conclusão final.

"Ainda tenho a expectativa que um dia a senhora. consiga fazer a volta e recuperar a credibilidade. Mas é inaceitável uma profissional de alta qualidade rejeitar estudos técnicos de entidades qualificadas e tentar valorizar ou divulgar estudos que foram encerrados, como é o estudo do [Sistema de Saúde] Henry Ford, por exemplo", disse Vieira.

O senador, então, questiona a médica: "A senhora sabe que esse estudo foi descontinuado porque não gerou os resultados que a senhora está dizendo? A senhora sabe disso? A senhora tem conhecimento que esse estudo que a senhora citou para essa CPI como lastro científico foi descontinuado porque não indicou nenhum resultado que indicasse proveito da hidroxicloroquina?".

Nise se enrolou para responder: "Não foi essa a informação que eu tive. A informação que eu tive é de que ele foi publicado e tem uma evolução benéfica dos pacientes".

"Ele foi iniciado em abril de 2020 e encerrado em dezembro de 2020 por não demonstrar evidências suficientes", salientou o senador. "Isso é de dezembro do ano passado", reforçou.

Reportagem do Bridge Michigan, de janeiro, confirma o que foi dito pelo senador. O estudo foi encerrado um pouco antes do Natal de 2020. A alegação oficial do Sistema de Saúde Henry Ford, de Detroit (EUA), é a de que não conseguiu voluntários suficientes para prosseguir com o estudo e decidiu priorizar as vacinas.

No entanto, médicos integrantes da equipe afirmaram ao periódico que a "taxa extremamente baixa de infecção" entre os participantes do ensaio tornava "extremamente improvável" discernir se a droga tinha algum efeito. Ou seja, não haveria indicação no estudo de que a hidrioxicloroquina teria eficácia.