Etchegoyen diz a Correio Braziliense que “estão fazendo política em cima de um cadáver”

Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional descarta que a morte de Marielle tenha sido uma ação para enfraquecer a intervenção: “Se isso fosse verdade, teríamos a inteligência mais burra do mundo”

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O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, em entrevista a Leonardo Cavalcanti e Paulo de Tarso Lyra, do Correio Braziliense, deixou claro sua opinião sobre a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ): “Foi uma execução. Tenha sido ela mais ou menos agressiva, aguerrida, não interessa. Não há nada que justifique a execução, ela tinha a idade das minhas filhas, resumiu. Homem forte nas Forças Armadas, o general, assessor direto de Temer nos assuntos de segurança, acha uma loucura dizer que o crime foi efetuado para enfraquecer a intervenção no Rio:Se isso fosse verdade, teríamos a inteligência mais burra do mundo. Não é possível, uma burrice monumental. Dois dias depois, sabemos a linha. Matou-se uma adversária da intervenção para protestar contra a intervenção? Mataram uma menina que tinha uma atuação política que incomodava muita gente e podia incomodar ao máximo, nada justificava uma torpeza dessa. Tem um lado muito triste, nós estamos fazendo política rasteira em cima de um cadáver trágico. Eu achava que haveria uma reação à intervenção. Mas não isso”. Etchegoyen defende a ação federal no Rio: “A intervenção é um ato administrativo, chegaram ao Rio, tiraram a fatia de poder correspondente à polícia, segurança pública e administração penitenciária e nomearam um governador. De fato, tem dois governadores, um que governa tudo, menos isso, e outro que governa segurança pública e administração penitenciária, é muita coisa”. Em outro trecho da entrevista, ele diz: “Eu vejo a intervenção como o que sobrou. O governo se envolveu lá atrás, investiu dinheiro, decretou a garantia da lei e da ordem e liga a televisão durante o carnaval, e acontece o que aconteceu? Quem estava cuidando do Rio de Janeiro?”, questiona. Ainda em relação à intervenção, o general destaca: “Eu imaginava eu haveria um choque entre as facções. Ou elas vão se unir, ou disputar, ou virá apoio de fora. E aí, você já deve ter ouvido a história do PCC chegando ao Rio de Janeiro. Muito mais organizado que o Comando Vermelho. O PCC é uma estrutura departamental clássica. O Comando Vermelho é mais uma confederação. Enfim, imaginava-se que podia haver esse choque”.