As mudança incluída na reforma eleitoral que tramita na Câmara dos Deputados, que proíbe a candidatura de juízes, policiais e promotores que tenham se afastado do cargo há menos do que cinco anos, já vem causando reações entre os principais nomes do lavajatismo.
Caso aprovada, a proposta impediria o ex-juiz Sergio Moro de ser candidato à presidência. Em pesquisas eleitorais, Moro aparece com menos de 10% das intenções de voto.
"Sumido" das redes sociais, o ex-magistrado ainda não se pronunciou oficialmente sobre a medida que pode frustrar seus planos. O procurador Carlos Fernando Lima, ex-coordenador da Lava Jato, no entanto, deu entrevista ao site O Antagonista e atuou como uma espécie de porta-voz de Moro.
"Os acusados querem prender os acusadores e os juízes. Se pudessem, nos prendiam todos. Isto é muito grave, seja como for, nenhum de nós foi acusado ou teve seus direitos políticos questionados. O que eles estão fazendo é cassar o direito político", reclamou.
Lima chegou até mesmo a apelar para a "defesa da democracia" ao pregar que ex-juízes e ex-promotores podem, sim, atuar politicamente.
"Eu não defendia necessariamente a candidatura de Moro. Mas hoje eu creio que Moro deve ser candidato, até porque é um caso de defesa da democracia, que seja para perder. Esse é o jogo", declarou.
Assista ao trecho.
Mudanças no novo código eleitoral
As possíveis pretensões de Sergio Moro de disputar as eleições presidenciais de 2022 estão seriamente ameaçadas. A deputada Margarete Coelho (PP-PI), autora da proposta do novo Código Eleitoral, incluiu, de última hora, um dispositivo que impede o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro de participar do pleito.
A redação final do texto, que foi protocolado nesta quarta-feira (25), na Câmara, proíbe a candidatura de juízes, policiais e promotores que tenham se afastado do cargo há menos do que cinco anos. O texto necessita, ainda, ser aprovado por deputados e senadores.
O ex-juiz Moro, considerado suspeito e parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos casos envolvendo o ex-presidente Lula, pediu exoneração do cargo de juiz federal em novembro de 2018 para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Pelo prazo fixado pelo novo Código Eleitoral, a “quarentena” do ex-juiz da Lava Jato termina somente em 2023, o que o deixaria de fora das próximas eleições.
Conforme pessoas próximas a Margarete, o veto foi uma reivindicação de partidos de centro.