Ex-esposa de Bolsonaro usou Planalto para nomeações indicadas por lobista da Precisa

Mensagens obtidas pela CPI do Genocídio mostram que Ana Cristina Valle, mãe de Renan, acionou a sede do poder Executivo para conseguir aprovar indicados por Marconny Albernaz, investigado no escândalo Covaxin

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Os escândalos que rondam a família presidencial parecem não ter fim. Na tarde desta quinta-feira (2), parlamentares da CPI do Genocídio receberam do Ministério Público do Pará uma troca de mensagens entre a ex-esposa de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, o lobista da Precisa Medicamentos, Marconny Albernaz Faria, e o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, que mostram a mãe de Renan, o 04, tentando interferir na escolha do novo Defensor Público da União (DPU).

Marconny procurou Cristina em agosto de 2020 para pedir que ela levasse o nome de Leonardo Cardoso ao conhecimento de Oliveira e que pedisse a ele para intervir em favor do indicado. O lobista ainda passou o endereço de e-mail usado pelo ministro da Secretaria-Geral para que a ex-esposa do presidente da República entrasse em contato com ele e viabilizasse sua escolha numa lista tríplice para o cargo na DPU.

Momentos depois, Cristina encaminhou a Marconny a mensagem que teria enviado a Oliveira para pressioná-lo pela nomeação do defensor público Leonardo Cardoso.

“Bom dia meu amigo venho lhe pedir um apoio ao candidato Dr Leonardo Cardoso de Magalhães para assumir o cargo de Defensor Público-Geral Federal da Defensoria Pública da União. É um candidato alinhado com os nossos valores, técnico e apoiador do Jair sei que os outros dois candidatos são de esquerda se puder fazer isso por mim serei muito grata um abraço”, escreveu Cristina ao homem investigado por supostamente ter participado da tentativa de compra fraudulenta e superfaturada da vacina indiana Covaxin, dizendo que aquele texto teria sido o mesmo encaminhado ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

Dias depois, a ex-esposa Bolsonaro torna a encaminhar mensagem a Marconny, dessa vez mostrando uma resposta que seria do ministro Jorge Oliveira: “Já anotado! Conversei com ele ontem”, teria dito.

Cristina ainda avisou ao lobista da Precisa Medicamentos que sua indicação poderia não ser a escolhida para a DPU, uma vez que ela tomara conhecimento de que um outro nome, o de Daniel Macedo, também alinhado ao bolsonarismo, teria sido apresentado por pessoas próximas ao presidente. “Eu não entendo mesmo, mas fizemos nossa parte", justificou-se a mãe de Jair Renan.

Por fim, a escolha de Bolsonaro na lista tríplice contemplou mesmo Macedo, que foi nomeado oficialmente no Diário Oficial da União para o cargo em 11 de janeiro deste ano.