"Se vocês explodirem a economia, também serão prejudicados", diz Bolsonaro “ao pessoal mercado”

O presidente também afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, permanece no cargo

Bolsonaro é alvo de inquérito por suposta interferência na Polícia Federal (Foto: Marcos Corrêa/PR)Créditos: Presidência da República
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O presidente Jair Bolsonaro demonstrou que pouco se importa se os índices econômicos do Brasil estão derretendo. Ao invés de mandar um recado de "ordem na casa", em sua live semanal, o presidente ameaçou o "pessoal do mercado financeiro", após um dia em que a Ibovespa registou a maior queda para 2021 e o dólar ficou cotado em R$ 5,66.

"O auxílio de R$ 400 para caminhoneiros, que vai estar abaixo de R$ 4 bilhões por ano, dentro do Orçamento. Daí fica o mercado nervosinho. Se vocês explodirem a economia do Brasil, pessoal do mercado, vocês vão ser prejudicados também", atacou Bolsonaro.

Em outro momento, o presidente afirmou que os combustíveis terão novos reajustes. "Vão ter novos reajustes dos combustíveis? Certamente teremos. Por que vou negar isso daí? Estamos buscando a solução", disse o presidente durante a sua live semanal.

Momentos antes de sua live, o presidente concedeu uma entrevista à CNN Brasil e afirmou que Paulo Guedes permanece no governo.

"Paulo Guedes continua no governo e o governo segue com a política de reformas. Defendemos as reformas, que estão andando no Congresso Nacional, esse é o objetivo", disse Bolsonaro.

Caminheiros rejeitam auxílio de Bolsonaro: "esmola"

A greve de caminhoneiros marcada para o dia 1º de novembro está mantida. A promessa de Jair Bolsonaro de dar um “auxílio-diesel” de R$ 400 mensais para os trabalhadores autônomos da categoria não agradou e tem sido tratada por lideranças como “esmola”.

“O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade. Para as petroleiras (dão) um trilhão, para o caminhoneiro humilhação”, afirmou ao jornal Estadão Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), confirmando que a greve em 1º de novembro está de pé.

Wallace Landim, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e que liderou a greve de caminhoneiros em 2018, deu entrevista ao portal Metrópoles e foi na mesma linha: “Caminhoneiro não faz nada com R$ 400, com diesel na média de R$ 4,80. Os R$ 400 propostos pelo presidente não atendem as demandas dos caminhoneiros. Manteremos nossas demandas e greve em 1º de novembro”, declarou.

A greve dos caminhoneiros em 1º de novembro deve ter abrangência nacional e é organizada pela CNTTL, Abrava e Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC).

Debandada: 4 secretários de Guedes pedem demissão do Ministério da Economia

Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, está em crise. Nesta quinta-feira (21), a pasta sofreu uma debandada com pedidos de demissão de quatro secretários: Bruno Funchal, secretário especial de Tesouro e Orçamento; Gildenora Batista Dantas Milhomem, secretária especial adjunta de Tesouro e Orçamento; Jeferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional; e Rafael Araújo, secretário-adjunto do Tesouro Nacional.

Em nota, o ministério informou que os secretários alegaram “razões pessoais” para os pedidos de demissão. Os substitutos ainda não foram anunciados.

Nos bastidores especula-se que as demissões estejam ligadas à discordância dos secretários com as intenções de Guedes e Jair Bolsonaro de furar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, programa do governo que visa substituir o Bolsa Família e que, claramente, tem por objetivo real alavancar a candidatura de Bolsonaro à reeleição no próximo ano.