Fábio Faria foi autorizado por Bolsonaro a ir em evento com Allan dos Santos

Ministro das Comunicações mentiu ao dizer que não sabia que blogueiro estaria na reunião ocorrida em uma igreja evangélica brasileira em Orlando, na Flórida

Fábio Faria, Allan dos Santos, Rivaldo entre outros. Foto: Reprodução Instagram
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O ministro das Comunicações, Fábio Faria, mentiu ao afirmar que não sabia que Allan dos Santos, foragido da Justiça, estaria no evento em que compareceu na última sexta-feira (7) em uma igreja evangélica brasileira em Orlando, na Flórida.

Segundo o blog do Noblat, no Metrópoles, Faria não só soube como consultou o presidente Jair Bolsonaro (PL) a respeito. "E ouviu dele o seguinte conselho: é justamente em horas de aperto que não se deve abandonar os amigos. Bolsonaro costuma abandonar, mas no caso de Allan, tem feito tudo o que pode para protegê-lo", escreveu Noblat.

Na reunião, o blogueiro bolsonarista falou ao lado de personalidades que incluíram pastores, cantores e o ministro. O evento foi sucedido de um jantar de confraternização, que contou também com pastores conhecidos, como André Valadão, da Igreja Batista Lagoinha.

O material de divulgação da igreja trazia a informação da presença do ministro, mas não citava Allan dos Santos. Faria discursou sozinho, como um dos destaques. Patrícia Abravanel Faria, apresentadora de TV, empresária e esposa do ministro das Comunicações, também aparece nas fotos e vídeos.

Faria e Allan estiveram juntos em Orlando pelo menos duas vezes. Na primeira, discursaram para uma plateia de brasileiros evangélicos que moram na cidade e de pastores que voaram daqui para lá. Na segunda, almoçaram.

Faria explica evento com Allan a ministros do governo

Segundo o colunista Igor Gadelha, também do Metrópoles, Faria enviou uma mensagem no grupo de WhatsApp dos ministros do governo para explicar por que foi ao evento com Allan.

No texto, ao qual a coluna teve acesso, o titular das Comunicações argumentou que foi a um evento numa igreja evangélica de um pastor amigo que apoia o presidente Jair Bolsonaro e que o blogueiro teria aparecido “de última hora” e “de surpresa” ao local.

“Amigos, só pra deixar vcs (sic) informados. Fui para um evento na igreja Lagoinha em Orlando do Pastor André Valadão que apoia o PR e é muito meu amigo e da família. Fui fazer uma palestra sobre o cenário político no Brasil com outros convidados. De última hora chegou de surpresa o Allan dos Santos que as vezes (sic) apoiador do governo e outras muito crítico ao governo e membros do governo, eu por exemplo sou um alvo constante. Enfim, quiseram ontem fazer uma grande matéria de que o governo brasileiro tinha ajudado ele a fugir e que a minha presença significaria um apoio do governo ao Allan. Fiz uma nota de que não sabia que ele estaria no evento e se eu soubesse eu não teria comparecido. A nota cessou as especulações", escreveu Faria.

A ministros do STF, ele argumentou também não ter participado de jantar ou confraternização com Allan dos Santos nos Estados Unidos, como algumas fotos divulgadas sugerem. O titular das Comunicações afirmou que, após o evento, foi até a sala do pastor dentro da igreja para cumprimentar outros convidados, onde foi servido um “lanche”.

Prisão decretada em outubro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou em outubro do ano passado a prisão preventiva de Allan dos Santos. O dono do canal “Terça Livre” está nos Estados Unidos, com o visto vencido, e teria que ser extraditado ao Brasil.

Segundo a TV Globo, Moraes ordenou que a Polícia Federal inclua o mandado de prisão na lista da Difusão Vermelha da Interpol e acionou a embaixada dos Estados Unidos. A decisão do ministro atende a um pedido da Polícia Federal. A Procuradoria-Geral da República se manifestou contra a prisão.

De acordo com a PF, sob o “pretexto de atuar como jornalista”, Allan organizou um movimento forte de atuação nas redes sociais que tem como integrantes militantes digitais e parlamentares bolsonaristas, cujo objetivo é publicar, financiar e distribuir conteúdo político visa desestabilizar as instituições democráticas.