FHC: "Não vou dizer que eu não tenha vontade de falar com o Lula"

“Nunca conversei com Bolsonaro e não acho necessário, porque ele tem o poder na mão e, da minha parte, seria desnecessário procurar quem está no poder”, disse

FHC e Lula - Foto: Ricardo Stuckert
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em entrevista à coluna de Guilherme Amado, publicada na revista Época, neste domingo (17), estar disposto a sentar para dialogar com o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele o procure. “Em toda a vida, sentei com todo mundo que me procura. Não vou procurar ninguém, já passei dessa época. Não tenho razão para procurá-lo, mas sempre estive disposto a conversar. Mas ele nunca quis — quando ele e eu fomos presidentes — ter uma conversa verdadeira comigo. Não vou dizer que eu não tenha vontade de falar com Lula, mas não vejo que seja construtivo, porque ele não vai mudar. Mas sou favorável ao diálogo. Nunca conversei com Bolsonaro e não acho necessário, porque ele tem o poder na mão e, da minha parte, seria desnecessário procurar quem está no poder. O Lula como não está no poder, se quiser conversar, avise.” A respeito da declaração do deputado federal, Eduardo Bolsonaro, sobre a volta do AI-5, FHC considerou trágica. “Provavelmente, falou porque está habituado a falar, não tinha tanto peso ao que disse, mas disse. Na política, palavra pesa. Como considero completamente inaceitável ficar elogiando quem foi torturador no passado. Isso vai contra direitos humanos, democracia. Não posso aceitar isso. Sou fundamentalmente democrático. Aceito a variação, mas não a violência como instrumento de poder. Um erro inaceitável”. O ex-presidente considera seu partido, o PSDB, “pouco coerente com sua pretensão inicial. Não se sabe se é de esquerda, direita ou do centro. O que é centro? Não adianta ter um centro amorfo, tem que ter lado também. Os partidos estão sem assumir posições. O PSDB também está no rolo geral. Pode sair? Pode, mas precisa sair. E como sai? Liderança e candidatura. As pessoas não votam em partido, mas em pessoas”.