Fiscal do Ibama que multou Bolsonaro enxerga motivação política em sua demissão

"Fui punido por ter feito minha obrigação", disse José Olímpio Augusto Morelli, agente que aplicou uma multa contra Bolsonaro por pesca irregular em 2012 e que foi exonerado; ex-funcionário prevê outras demissões políticas: "Tempos sombrios"

Bolsonaro flagrado em área de pesca ilegal (Arquivo)
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Em entrevista à revista Piauí divulgada nesta sexta-feira (29), José Olímpio Augusto Morelli, agente do Ibama exonerado do cargo nesta quinta-feira (28), afirmou que enxerga motivação política em sua demissão e disse que prevê ainda mais exonerações: "Vejo tempos sombrios no Ibama", disparou. Morelli, até sua exoneração, ocupava o cargo comissionado de chefe do Centro de Operações Aéreas do Ibama, subordinado à Diretoria de Proteção Ambiental. Ele foi o único dos nove funcionários do mesmo nível hierárquico dessa diretoria a ser exonerado pelo novo governo. O ex-agente foi o autor da multa aplicada à Jair Bolsonaro, em 2012, por pesca irregular na Esec (Estação Ecológica) de Tamoios, categoria de área protegida que não permite a presença humana, em Angra dos Reis (RJ). Leia também: Bolsonaro critica Ibama, apaga tuíte e presidenta do órgão rebate: “completo desconhecimento” Para Morelli, a multa que aplicou ao então deputado federal, agora presidente, tem "conexão total" com sua exoneração. “Fui punido por ter feito minha obrigação”, pontuou. À época da multa, Bolsonaro ficou furioso, dirigiu ataques à Morelli no plenário da Câmara e, no ano seguinte, em retaliação, apresentou um projeto de lei para desarmar todos os fiscais do Ibama e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) em ações de campo, ainda que isso contrariasse seu discurso de defesa do armamento da população. O projeto acabou arquivado. A multa, por sua vez, nunca foi paga e, no início deste ano, a assessoria técnica do Ibama divulgou um comunicado informando que o processo prescreveu há um ano e dois meses.