Florence afirma que entrará com ação de impedimento contra Ricardo Salles: “É um criminoso”

“Ele propõe que o governo aproveite a crise sanitária para desregulamentar a gestão ambiental. Se isso ocorrer haverá devastação ambiental”, alerta o deputado

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Para o deputado federal Afonso Florence (PT-BA), a declaração do ministro Ricardo Salles, durante a reunião ministerial do dia 22 de abril, configura crime de responsabilidade e demonstra a intenção do governo Bolsonaro de acabar com os instrumentos de controle da devastação ambiental.

O parlamentar baiano, que moveu ação contra a nomeação do ministro em fevereiro de 2019, afirma que entrará com pedido de impedimento.  No vídeo, divulgado nesta sexta-feira (22/05) após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, Salles afirma que a crise do coronavírus é uma “oportunidade” para a desregulamentação ambiental, com todas as atenções da imprensa voltadas para a pandemia.

“Vou entrar com pedido judicial pelo impedimento de Ricardo Salles. Ele propõe que o governo aproveite a crise sanitária para desregulamentar a gestão ambiental, extinguindo parâmetros de sustentabilidade, garantia de transparência e instrumentos de comando e controle. Se isso ocorrer haverá devastação ambiental. Ele é um criminoso”, disparou Florence.

Uma das evidências do afrouxamento das políticas de controle pelo governo são os registros do desmatamento na Amazônia Legal. Os alertas divulgados pelo sistema Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), registraram recorde histórico de desmatamento no primeiro trimestre de 2020.

A divulgação do vídeo e das transcrições da reunião ocorre num contexto de aprofundamento da crise política e sanitária no país, com o triste balanço de 1.001 registros de mortes em 24 horas, um total de 21.048 vidas perdidas e mais de 330 mil confirmações de infecção por COVID.

Apesar deste cenário, o presidente Jair Bolsonaro permanece contra as políticas de isolamento social, necessárias para conter o avanço do coronavírus, e aposta na alteração do protocolo da cloroquina, mesmo sem nenhuma comprovação científica de que a medicação seria eficaz.