A "Folha de S. Paulo" está sendo duramente criticada nas redes sociais após ignorar a participação dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff ao citar estudo elaborado pelo Insper que mostra que a diferença social no Brasil caiu de forma ininterrupta entre os anos de 2002 e 2015.
O jornal fez uma reportagem divulgando a pesquisa, mas em nenhum momento citou que este período foi, justamente, o momento em que o Brasil era governado pelo PT (Lula 2002-2010/Dilma 2010-16). Após o golpe, que tirou a presidenta Dilma Rouseff (PT) do poder, a desigualdade social voltou a crescer.
O deputado federal Paulo Pimenta (PT) observou que o jornal "esqueceu" de dizer que este foi o período em que o PT esteve no poder. "Essa é mais uma prova de que a grande mídia tem muita culpa em relação aos milhões que passam fome hoje", escreveu.
Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Humberto Costa (PT) compartilhou a reportagem e ironizou: "Será que eles vão gritar que 'é culpa do PT'"? Já Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, citou o artigo de opinião do Estadão, que chama o PT de "diabo".
"Enquanto a Folha publica reportagem sobre a queda da desigualdade de renda no Brasil entre 2002 e 2015 sem citar Lula e Dilma, o Estadão obra editorial intitulado "O diabo não desiste", satanizando o PT. A mídia burguesa vai jogar pesado nas eleições de 2022. Nada de salto alto!", escreveu.
Sem citar a Folha, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) afirmou que "não reconhecer paternidade de alguns feitos sem distorcer os fatos é menos grave do que distorcer os fatos para destruir os feitos". "Falo de dois temas: redução da desigualdade e políticas afirmativas, respectivamente", completou.
Sobre a pesquisa
A pesquisa revela que todas as camadas da sociedade (pessoas adultas) e situadas abaixo dos 29% mais ricos tiveram crescimento de renda acima da média nacional de 3% no período estudado.
Por outro lado, o estudo também mostra uma faceta mais igualitária na forma como a riqueza foi distribuída, visto que a parcela mais rica da sociedade brasileira teve crescimento médio anual entre 2,4% e 2,9%, ou seja, inferior à média do país.
A única parcela que destoa de todo o resto, são aqueles que fazem parte do topo da pirâmide social.
A configuração apontada pelo estudo do Insper estaria por trás da queda da desigualdade brasileira medida pelo índice de Gini que vai de 0 (patamar hipotético que refletiria uma sociedade onde os recursos são igualmente distribuídos) e I (nível também conceitual, que indicaria um extremo de iniquidade).
Segundo o levantamento do Insper, o Gini do Brasil recuou de 0,583 para 0,547, entre 2002 e 2017, o que correspondeu à saída de 16 milhões de pessoas da pobreza no período analisado.
A pesquisa do Insper foi coordenada pelos professores Ricardo Paes de Barros, Laura Muller Machado e Samir Cury, e o diretor da Open Social, Samuel Franco.
O estudo será divulgado em sua íntegra na próxima segunda-feira (25).