Freixo se despede do PSOL: "Seguiremos na mesma trincheira de defesa da vida"; leia a íntegra da carta

Após evento com Lula, deputado afirma que é 'urgente a construção de uma aliança com todas as forças políticas dispostas a somar esforços na luta contra o bolsonarismo'

Marcelo Freixo (Foto: Divulgação)
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O deputado federal Marcelo Freixo oficializou nesta sexta-feira (11) sua saída do PSOL, partido pelo qual foi filiado por 16 anos. Em texto de despedida compartilhado nas redes sociais, o parlamentar diz que, apesar do fim de um ciclo, tem a certeza que seguirá com o partido "na mesma trincheira de defesa da vida".

"Hoje, encerro esse ciclo com a certeza de que apesar de não estarmos juntos daqui para a frente no mesmo partido seguiremos na mesma trincheira de defesa da vida, da democracia e dos direitos do povo brasileiro", escreveu Freixo nas redes sociais.

O deputado contou que a decisão de deixar o PSOL "foi longamente amadurecida e tomada após muito diálogo com dirigentes nacionais e estaduais do partido". Apesar da carta não citar qual será o novo partido do parlamentar, Freixo confirmou à Veja que deve se filiar ao PSB até o fim do mês.

Na mensagem, o deputado diz ainda que "é urgente a ampliação do diálogo e a construção de uma aliança com todas as forças políticas dispostas a somar esforços na luta contra o bolsonarismo".

Uma suposta saída de Marcelo Freixo do PSOL já é assunto há alguns meses. O anúncio, no entanto, ocorre um dia depois de um encontro do deputado com o ex-presidente Lula (PT) e outras lideranças políticas de partidos de esquerda. Freixo tem afirmado que quer formar uma “Frente Democrática de Resistência” para o governo do Rio em 2022, que poderia unir PSB, PT, PCdoB, PSOL e PSD.

Leia a íntegra da carta:

Ingressei no PSOL em 2005, antes de me eleger deputado estadual pela primeira vez. De lá para cá, compartilhamos uma bela história e colocamos o partido no centro da luta pela democracia brasileira. Juntos fizemos as CPIs das Milícias, do Tráfico de Armas e Munições e dos Autos de Resistência; enfrentamos com coragem os governos Sergio Cabral e Pezão; colocamos a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa a serviço dos esquecidos pelo poder público; disputamos a prefeitura do Rio de Janeiro numa linda campanha que encantou nossa cidade e fomos ao front contra o governo Bolsonaro. Mais do que companheiros de luta, as pessoas com quem construí o PSOL são amigos com quem divido projetos de vida. Hoje, encerro esse ciclo com a certeza de que apesar de não estarmos juntos daqui para a frente no mesmo partido seguiremos na mesma trincheira de defesa da vida, da democracia e dos direitos do povo brasileiro. Essa decisão foi longamente amadurecida e tomada após muito diálogo com dirigentes nacionais e estaduais do partido, a quem agradeço pelas reflexões fraternas que compartilhamos nesse processo. Os graves retrocessos institucionais e humanos provocados por Bolsonaro em apenas dois anos de governo impõem novos desafios à democracia e à atuação do campo progressista. É urgente a ampliação do diálogo e a construção de uma ampla aliança com todas as forças políticas dispostas a somar esforços na luta contra o bolsonarismo. É hora de colocarmos as nossas divergências em segundo plano para resgatarmos o nosso país do caos e protegermos a vida dos brasileiros. As eleições de 2022 serão um plebiscito nacional sobre se a Constituição de 1988 ainda valerá no Brasil, por isso nós democratas não temos o direito de errar: do outro lado está a barbárie da fome, da morte e da devastação. Seguirei nessa caminhada, me dedicando à construção de pontes, reafirmando o valor do diálogo e o papel da política como meio de resolvermos de forma pacífica os problemas do nosso país. O nosso dever histórico é derrotar Bolsonaro nas urnas e o bolsonarismo enquanto projeto de sociedade. E sei que o PSOL e eu estaremos do mesmo lado para cumprir com essa tarefa.