“Fui eleita, entre outras coisas, para combater o machismo em todas as suas formas”, diz Monica Benicio

Arquiteta acredita que exercer o cargo de vereadora no Rio pode ajudá-la a cobrar das autoridades uma solução definitiva sobre os assassinatos de sua esposa Marielle e de Anderson Gomes

Monica Benicio - Foto: Reprodução/YouTube
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Eleita pelo PSOL com 22.999 votos, sendo a 11ª vereadora mais lembrada da cidade do Rio de Janeiro, a arquiteta e urbanista Monica Benicio afirma que está pronta para enfrentar o ambiente extremamente machista da política.

Estreante em cargos eletivos, a viúva de Marielle Franco está segura: “Fui eleita, entre outras coisas, para combater o machismo em todas as suas formas. E assim será. Como mulher e em nome de todas as mulheres que confiaram em mim, posso garantir: ninguém irá nos calar. Não seremos interrompidas”, promete.

Monica afirma que vai agir como sempre, ou seja, de forma autêntica, sem abrir mão de suas convicções. “Defendo firmemente que as mulheres podem e devem ocupar os mesmos espaços de poder que os homens. Apesar de as mulheres terem conquistado tantas coisas nos últimos tempos, o machismo segue sendo uma triste realidade que mata, violenta e silencia”.

Ela revela que os primeiros dias como vereadora estão sendo de muito trabalho e dedicação. “É um enorme desafio assumir um mandato de vereadora neste momento de crise econômica, política e sanitária no Brasil. E o Rio de Janeiro, sem dúvida, é uma das cidades mais afetadas pelas políticas cruéis de Bolsonaro, Guedes, Pazuello, Crivella, Witzel e tantos outros”, destaca.

Monica faz questão de chamar sua representação na Câmara de “mandata”, “assim mesmo, no feminino por ser feminista”, define. “Já estamos trabalhando e muito empenhada para fazermos uma política que seja efetiva na melhoria da vida das mulheres e de todos os cariocas”.

Ela conta que sua prioridade parlamentar é a luta por uma cidade democrática, inclusiva e sustentável. “Essa luta acaba por englobar muitas frentes. De maneira geral, significa dizer que defendo uma cidade onde mulheres, negros, jovens, LGBTs e moradores de favela possam viver com dignidade, com acesso a direitos, como segurança, saúde, educação, saneamento, mobilidade, alimentação, trabalho e cultura. Dessa forma, nossa mandata está profundamente comprometida com o combate a todas as formas de desigualdade e preconceito e pelo direito da população de viver a cidade plenamente”.

Marielle

A vereadora acredita que exercer um cargo público pode ajudá-la a cobrar das autoridades uma solução definitiva sobre o caso de Marielle e Anderson Gomes.

“Será mais uma ferramenta utilizada na cobrança de justiça para Marielle e Anderson, sem dúvida. Seguirei denunciando esse bárbaro crime que ceifou a vida da minha esposa e abalou a democracia brasileira. A mandata estará a serviço de colaborar também para os tantos outros assassinatos e desaparecimentos de jovens, LGBTs e mulheres negras que ocorrem na cidade. É preciso dar um basta a essa necropolítica que domina o Rio de Janeiro, uma cidade onde, na prática, a vida de alguns vale mais do que de outros”, avalia Monica.

Ela vê com cautela os destinos da investigação sobre os assassinatos de Marielle e Anderson. “Acabamos de passar pela troca do Procurador-Geral do Ministério Público e isso, sem dúvida alguma, gera uma grande preocupação, uma vez que já irão completar três anos dos assassinatos e ainda não temos resposta a respeito dos mandantes e suas motivações”, acrescenta.

Desfecho

Além disso, ela menciona que os acusados de serem os executores ainda não foram levados a julgamento, embora a expectativa é que isso ocorra ainda este ano.

“O que cobramos é o mais pronto desfecho e que, ao fim, possamos saber não só quem matou Marielle e Anderson, mas também quem mandou matá-los. Não só eu, mas todo o Brasil tem o direito de conhecer os interesses que motivaram a execução sumária de uma jovem vereadora na região central da segunda maior cidade do país, às nove horas da noite”, completa Monica.