Enquanto Bolsonaro ataca STF, Fux diz que "o tempo da Justiça não é o tempo da Política"

O magistrado pregou "diálogo" com o presidente; no domingo, Bolsonaro afirmou que irá fazer "que o que tiver que ser necessário" para conseguir o voto impresso

Foto: Fellipe Sampaio/STF
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O aguardado discurso em que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux faria críticas contundentes às movimentações golpistas do presidente Jair Bolsonaro acabou marcado por uma postura mais moderada, com um apelo ao "diálogo". Na última quinta-feira, Bolsonaro fez uma live para apresentar supostas provas de fraude na Justiça Eleitoral e disparar ataques contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o próprio STF.

"O tempo da Justiça não é o tempo da Política. Embora diuturnamente vigilantes para com a democracia e as instituições do país, os juízes precisam vislumbrar o momento adequado para erguer a voz diante de eventuais ameaças. Afinal, numa democracia, juízes não são talhados para tensionar", disse Fux em sua fala.

Segundo o presidente do STF, "magistradas e magistrados do país reforçam a democracia diuturnamente, no âmbito de suas decisões judiciais", mas "a sociedade não espera de magistrados o comportamento que é próprio e típico de atores políticos". "O bom juiz tem como predicados a prudência de ânimos e o silêncio na língua. Sabe o seu lugar de fala e o seu vocabulário próprio", afirmou.

Diálogo com Bolsonaro

Enquanto o chefe do Executivo sinaliza claramente intensões golpistas diante da iminente derrota eleitoral em 2022, Fux pregou "diálogo" - sem mencionar diretamente Bolsonaro. "Palavras voam; ações fortificam. Diálogo eficiente pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras. O brasileiro clama por saúde, paz, verdade e honestidade. Não deseja ver exacerbados os conflitos políticos; quer a democracia e as instituições em pleno funcionamento. Não quer polarizações exageradas; quer vacina, emprego e comida na mesa", declarou.

"Nós, do Supremo Tribunal Federal, ainda quando nossas atuações tenham que ser severas, jamais abdicaremos os nossos deveres e responsabilidades. No exercício de nosso nobre mister constitucional, trabalharemos para que, onde houver hostilidade, construa-se respeito; onde houver fragmentação, estabeleça-se diálogo; e onde houver antagonismo, estimule-se cooperação", completou Fux.

No domingo, Bolsonaro mostrou não estar disposto ao "diálogo" institucional. "Juntos nós faremos o que tiver que ser necessário para que, repito, haja contagem pública dos votos e tenhamos eleições democráticas no ano que vem", afirmou o presidente em discurso voltado a apoiadores.

Com informações da TV Justiça e da Veja

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