Fux sobe o tom e cancela reunião com Bolsonaro: "Pressuposto de diálogo é respeito mútuo"

Presidente do STF reagiu aos novos ataques do chefe do Executivo; "Diálogo eficiente pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras, o que infelizmente não temos visto"

Luiz Fux - Foto: Fellipe Sampaio/STF
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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, reagiu aos novos ataques de Jair Bolsonaro contra ministros da Corte e subiu o tom contra o presidente. Durante a sessão do Supremo desta quinta-feira (5), o ministro anunciou o cancelamento de reunião que aconteceria entre os chefes dos Três Poderes brasileiros (Executivo, Legislativo e Judiciário).

"Como presidente do STF, alertei o presidente da República em reunião realizada nesta Corte, durante as férias coletivas, sobre os limites do exercício do direito da liberdade de expressão, bem como ser necessário e inegociável o respeito entre poderes para harmonia do pais", afirmou Fux no início de seu discurso.

"Contudo, como tem noticiado a imprensa, nos últimos dias o presidente da República tem reiterado ofensas, ataques e inverdades contra integrantes desta Corte. Quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro. Além disso, sua Excelência mantem interpretações equivocadas de decisões e insiste em colocar em suspeição a rigidez do sistema eleitoral", prosseguiu o ministro, pouco antes de anunciar o cancelamento da reunião e mandar recado para Bolsonaro.

"Diante disso, informo que está cancelada a reunião outrora anunciada entre os chefes dos Poderes. O pressuposto do dialogo entre os Poderes é o respeito mútuo entre instituições e seus integrantes. Diálogo eficiente pressupõe compromisso permanente com as próprias palavras, o que infelizmente não temos visto no cenário atual", disparou.

Assista.

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Novos ataques

Na manhã desta quinta-feira (5), Bolsonaro voltou a desafiar e tentar ridicularizar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luís Roberto Barroso após ter sido incluído como investigado no inquérito das fake news.

O presidente ainda voltou a fazer a piada de que a tecnologia do TSE é “impenetrável”. “Vou usar a palavra que o Barroso gosta”, disse.

Mais adiante, Bolsonaro desafiou a Justiça: “E outra, estão me processando por isso. Olha o que é a ditadura da toga. O que dois ministros estão fazendo no Supremo, Barroso e Alexandre de Moraes. Vão me investigar! Será que vão dá uma sentença? Fazer uma busca e apreensão no Alvorada como fazem com o povo comum aí? Será que vão fazer isso?”, e encerrou: “vão mandar quem aqui? PF ou Forças Armadas?”