Gabinete do Ódio usou rede em nome da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, diz PF

Rede teria sido acessada pelo assessor da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz, de acordo com inquérito que investiga atos antidemocráticos

Bolsonaro e Michelle em pronunciamento de Natal - Reprodução
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O assessor da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz, considerado integrante do "gabinete do ódio", usou em 5 e em 6 de novembro de 2018, a rede de Michelle Bolsonaro instalada na casa do presidente da República na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

A conclusão está em um inquérito da Polícia Federal que investiga atos antidemocráticos, como o que aconteceu em abril do ano passado. Arnaud é apontando de ter usado contas falsas para disseminar mensagens de ódio.

Michelle Bolsonaro é listada pela PF como "esposa de Jair Messias Bolsonaro", o "proprietário" das contas Bolsonaronews, no Instagram. O inquérito também aponta Arnaud como proprietário das contas Bolsonaronews no Facebook e outra chamada Tercio Arnaud Tomaz.

Trecho do inquérito da PF

O email cadastrado na operadora de telefonia era de uma assessora do presidente da República. "Trata-se, ao que tudo indica, do endereço residencial do próprio Presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro", escreveu o analista da Polícia Federal.

De acordo com o inquérito da PF, para "obter vantagens político-partidárias", o próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus três filhos parlamentares —- Eduardo, Carlos e Flávio —- mobilizariam redes sociais para "incitar parcela da população à subversão da ordem política" de meados de 2018 até 2020.

Dados do Facebook indicam que 1.045 acessos a contas inautênticas foram feitos em órgãos públicos. Foram 408 acessos de dentro da Presidência da República e 15 do Comando da 1ª Brigada da Artilharia Antiaérea, ambos para acessar contas Bolsonaronews e Tercio Arnaud Tomaz.

As duas contas eram acessadas também de dentro da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. O relatório não informa, no entanto, se era mesmo o gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos).

Na Câmara dos Deputados, foi identificado que os acessos a essas e outras contas partiram do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho "03" do presidente, e de um assessor dele. No Senado, ainda não houve resposta do órgão. Na Presidência, a PF solicitou as informações cadastrais novamente porque os dados vieram em formato digital incorreto.

Os atos antidemocráticos investigados pediam o fechamento de Poderes, como o Congresso e o STF, ou ainda a volta da ditadura militar e do Ato Institucional 5 (AI-5), que é ilegal de acordo com a Lei de Segurança Nacional. O próprio Jair Bolsonaro participou de um deles.

Com informações do UOL