O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes tem dito que o tempo “tem feito bem” à ação que envolve a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no caso do triplex atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro diz que seu voto no caso está “praticamente pronto”, mas o magistrado confidenciou a auxiliares que, a cada dia, coloca uma informação nova em sua manifestação. Quando fala sobre o julgamento, o ministro diz que esse caso ultrapassou a "questão Lula" e se tornou algo "muito maior".
O caso está parado desde 2018, quando Gilmar Mendes pediu vista.
Mendes declarou, em entrevista concedida na semana passada a Nathalia Passarinho, da BBC News Brasil, que a Operação Lava Jato “apoiou a eleição de Jair Bolsonaro”, “atuou na prisão de Lula”, “tentou influenciar o processe eleitoral” e “agiu para perturbar o país” durante o governo de Michel Temer (MDB).
Se nós olharmos, a Lava Jato tinha candidato e tinha programa no processo eleitoral. E atuou, inclusive, para perturbar o Brasil em termos institucionais”, declarou ainda o ministro.
Próximo de liberar para julgamento a ação em que a defesa de Lula pede a anulação da sua condenação no caso do tríplex de Guarujá, Gilmar Mendes ressaltou que o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Sérgio Moro, “fez tudo o que não condiz” com o que se espera da relação entre juiz e Ministério Público em uma investigação criminal.
Gilmar Mendes abordou, em outro trecho, a suspeição do ex-juiz Sergio Moro. “Há muita discussão sobre uma atividade de promotor do juiz Moro. Mas o que se vê claramente é uma cooperação bastante grande entre o juiz Sérgio Moro e o promotor”, destacou.
“Moro, por exemplo, pedindo para ter conhecimento antecipado sobre a denúncia, ou Moro dizendo que uma determinada testemunha deve depor desta ou daquela forma. Ou que eventual apelação à decisão dele deveria ser submetida a ele. Portanto, tudo o que de fato não condiz com a relação entre promotor e juiz”, acrescentou.
Advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgaram, no final de janeiro, trechos de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, entre eles Deltan Dallagnol.
Os diálogos, que fazem parte da Operação Spoofing, comprovam que Moro orientou a acusação, o que é proibido por lei, e que a equipe de Dallagnol manteve conversas clandestinas com autoridades dos Estados Unidos e da Suíça – o que também é ilegal.
Segundo a defesa, até então haviam sido analisados apenas cerca de 10% dos 740 gigabytes de dados fornecidos de mensagens apreendidas com o hacker Walter Delgatti Neto.
Com informações da coluna de Bela Megale