Gilmar Mendes espera que HC de Lula sobre imparcialidade de Moro seja votado ainda este ano

"Ele é um juiz que até ontem foi juiz, determinou a prisão do principal candidato a presidente da República e depois aceita o cargo de seu adversário", diz Gilmar sobre Moro

Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse em entrevista ao jornal argentino Clarín que espera que o habeas corpus sobre a imparcialidade do ex-juiz Sérgio Moro, apresentado pela defesa do ex-presidente Lula, seja julgado ainda este ano pelo STF. Ao ser questionado sobre a gravidade dessa questão para o ministro da Justiça, Gilmar Mendes afirma que o próprio Moro se colocou nessa posição. "Quem foi colocado em questão foi o próprio Ministro da Justiça, quando decidiu deixar o cargo de juiz e assumir uma função governamental que servia a um governo que derrotou as forças da oposição e é beneficiário, de alguma forma, de suas decisões", respondeu. "Ele é um juiz que até ontem foi juiz, determinou a prisão do principal candidato a presidente da República e depois aceita o cargo de seu adversário", continuou. O ministro também foi questionado sobre seu voto contra a prisão em segunda instância, o que ajudou a colocar o ex-presidente Lula em liberdade. O repórter então pergunta se tal decisão não enfraquece o combate a corrupção. "Não vejo necessidade de usar mecanismos extravagantes para combater a corrupção. Temos que estar dentro dos parâmetros do estado de direito", afirma o ministro. "O uso de prisão preventiva para obter uma queixa para mim é um absurdo. Eu vejo isso com muita preocupação. Por que não então torturar? Isso deve ser devidamente esclarecido. O Brasil tomou grandes ações contra a corrupção e isso não é graças ao juiz Moro", assegura Gilmar Mendes.