Gilmar Mendes: "Moro gerenciava projeto de poder que passava pela deslegitimação do PT e de Lula"

A crítica, compartilhada por diversos juristas, foi feita pelo ministro durante votação da suspeição de Sergio Moro no STF

Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF
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O ministro Gilmar Mendes destacou que o ex-juiz Sergio Moro gerenciava uma operação midiática que tinha como objetivo deslegitimar o PT e o ex-presidente Lula durante a condução dos trabalhos da Operação Lava Jato. A dura declaração, apontada por diversos juristas, foi dada por Mendes durante o julgamento do habeas corpus que pede a suspeição de Moro por quebra de imparcialidade contra Lula (HC 164.493).

O ministro colocou o recurso novamente em pauta na Segunda Turma do STF nesta terça-feira (9) após o ministro Edson Fachin decidir suspender todas as condenações da Justiça Federal de Curitiba contra Lula. Fachin tentou fazer com que o processo fosse suspenso, mas foi derrotado pelos demais colegas, incluindo Cármen Lúcia.

"O magistrado [Sergio Moro] gerenciava os efeitos da exposição midiática dos acusados. A opção por provocar e não esperar ser provado garantia que o juiz estivesse na dianteira de uma narrativa que culminaria na consagração de um verdadeiro projeto de poder que passava pela deslegitimação política do Partido dos Trabalhadores, em especial o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, a fim de afastá-lo do jogo eleitoral”, apontou Mendes durante seu voto.

O magistrado destacou que "fala isso com a maior tranquilidade" por não ter sido indicado pelo PT para o STF. "Eu era considerado um tipo de opositor de algumas práticas do PT. Chegou-se a dizer que eu liderava uma 'bancada de oposição'. Eu sou insuspeito nessa matéria", disse.

"A democracia exige oposição, adversariedade, mas ela não vive e não pode tolerar um modelo amigo-inimigo. Quem está na oposição hoje pode se tornar poder amanhã. Para isso é possível que ele subsista e não que seja destruído", prosseguiu.

"Esses falsos heróis vão encher os cemitérios. A vida continua. O resumo da ópera é: Você não combate o crime cometendo crime. Ninguém pode se achar o ó do borogodó. Cada um vai ter o seu tamanho no final da história", disse ainda.

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