Gilmar Mendes parabeniza "efusivamente" André Mendonça por nomeação ao STF

Em março, na sessão que discutiu liberação de cultos e missas presenciais, Mendes humilhou discurso religioso de ex-AGU insinuando que Mendonça teria vindo de uma "viagem a Marte". Nesta quinta, ministro elogiou "carreira brilhante".

Gilmar Mendes e André Mendonça (Foto: STF)
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Um dos principais alvos de apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) no Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes rasgou elogios e parabenizou "efusivamente" André Mendonça pela aprovação pelo Senado para compor a corte na cadeira deixada por Marco Aurélio Mello.

"Parabenizo efusivamente o Ministro André Mendonça pela aprovação ontem no Senado Federal. A Casa da Federação também cumpriu seu importante papel de escrutinar a carreira brilhante do Ministro André, que certamente terá uma trajetória marcante no Supremo Tribunal Federal", tuitou Mendes, na primeira manifestação pública de um ministro do STF ao novo colega.

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Gilmar Mendes, que humilhou Mendonça na sessão que discutiu a liberação de missas e cultos presenciais em março passado, passou a trabalhar pela nomeação do indicado de Jair Bolsonaro (PL) após um encontro em agosto na casa do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR).

Mendes foi um dos principais articuladores de Mendonça junto aos demais ministros do Supremo. O magistrado temia que a indicação do ex-AGU e ex-ministro de Bolsonaro fosse derrubada e em seu lugar fosse colocado o nome do Procurador-Geral da República, Augusto Aras.

Humilhação no STF

Na sessão em que o ex-AGU defendeu enfaticamente a liberação de cultos e missas presenciais com uma sustentação de forte cunho religioso, em março deste ano, Mendonça foi humilhado por Mendes após dizer que “os religiosos não estão matando pela sua fé, mas estão dispostos a morrer por ela”.

Em seu voto, contrário à liberação dos eventos presenciais, Mendes falou que parecia que Mendonça tinha vindo de "uma viagem a Marte".

“Quando a sua Excelência fala dos problemas dos transportes no Brasil, especialmente do transporte coletivo, e fala do problema do transporte aéreo, com a acumulação de pessoas, eu poderia ter entendido que sua Excelência teria vindo agora para a tribuna do Supremo de uma viagem a Marte, descolado de qualquer responsabilidade institucional, com qualquer assunto no Brasil. Mas sua Excelência, fui verificar aqui, ‘googlar’, como dizem os mais jovens, e verifiquei aqui que ele era ministro da Justiça até recentemente, com responsabilidades institucionais, inclusive, de propor medidas", pontuou Gilmar.

Segundo o ministro, cabe à União legislar sobre diretrizes da política nacional de transportes. "Sobre trânsito e transporte, me parece que está havendo um certo delírio nesse contexto geral. É preciso que cada um de nós assuma a sua responsabilidade. Isso precisa ficar muito claro. Não tentemos enganar ninguém. Até porque os bobos ficaram fora da Corte”, afirmou.