Gleisi reage a "confissão" de Moro sobre Lava Jato: "Corrupto e cara de pau"

O ex-juiz Sergio Moro admitiu que a Lava Jato atuou contra o PT, em uma clara prática de lawfare

Gleisi Hoffmann (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)Créditos: Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
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A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais nesta quarta-feira (29) para criticar o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) após ele admitir que a Operação Lava Jato atuou diretamente contra o PT.

"Moro escancara sua parcialidade e confessa que Lava Jato foi pra combater o PT. O projeto político sempre esteve claro, a toga só foi um trampolim", escreveu a presidenta do PT no Twitter.

"Ajudou a eleger um traste e a destruir o país e agora se apresenta como a solução. Juiz corrupto e cara de pau!", completou Gleisi Hoffmann.

Durante entrevista à rádio Capital FM, do Mato Grosso, Moro afirmou que não poderia seguir apoiando o governo Bolsonaro e disse a seguinte frase: “Tudo isso por medo do quê? Do PT? Não. Tem gente que combateu o PT na história de uma maneira muito mais efetiva, muito mais eficaz: a Lava Jato”.

A declaração escancara a já explicíta atuação política de Moro e dos procuradores que participaram da operação, um caso flagrante de lawfare (guerra jurídica).

O jurista Marco Aurélio de Carvalho, advogado especializado em Direito Público e integrante do Grupo Prerrogativas, também condenou a declaração de Moro.

Chegou a hora de Moro prestar contas à Justiça. A gente deseja para ele tudo aquilo que ele negou aos réus que julgou: respeito ao devido processo legal, à presunção de inocência, às regras do jogo democrático. Mas ele precisa responder por cada um dos atos delituosos que praticou a pretexto de combater a corrupção. É um juiz que sujou as mãos de sangue e que sujou a toga que ostentava sobre os ombros”, disse à Fórum.

Marco Aurélio reafirmou que Moro precisa ser urgentemente responsabilizado pelos crimes que cometeu, pois “corrompeu nosso sistema de Justiça a afetou de forma decisiva a credibilidade do nosso ordenamento jurídico”. “Sem a proteção da toga, o Moro corre agora um sério risco de responder civil e criminalmente pelos delitos que cometeu na condução da chamada Lava Jato”, acrescentou.

STF reconheceu Moro como juiz suspeito e anulou condenações de Lula

As condenações contra o ex-presidente Lula (PT) foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em razão da atuação parcial de MoroO ex-juiz foi considerado suspeito por quebra de imparcialidade. Além disso, o STF reconheceu a incompetência da Vara Federal de Curitiba para julgar os processos relativos ao ex-presidente.

Durante a sessão, realizada em junho de 2021, o ministro Gilmar Mendes afirmou que o julgamento em questão se tratava do “maior escândalo judicial da nossa historia” e leu trechos das mensagens obtidas através da Operação Spoofing, que recuperou os dados acessados pelos hackers que invadiram os celulares funcionais de Moro e procuradores da Lava Jato.

“O magistrado [Sergio Moro] gerenciava os efeitos da exposição midiática dos acusados. A opção por provocar e não esperar ser provado garantia que o juiz estivesse na dianteira de uma narrativa que culminaria na consagração de um verdadeiro projeto de poder que passava pela deslegitimação política do Partido dos Trabalhadores, em especial o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, a fim de afastá-lo do jogo eleitoral”, disse.

A declaração de Moro desta quarta-feira reforçou a análise de Gilmar Mendes.

https://twitter.com/gleisi/status/1476336754911293442