Escrito en
POLÍTICA
el
O editor do The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, não vai encaminhar nos próximos dias uma reclamação ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a denúncia que sofreu do Ministério Público Federal (MPF). O motivo é claro: O plantonista da corte é o ministro Luiz Fux, considerado simpático à Lava Jato.
Glenn deve esperar o retorno do relator, Gilmar Mendes, que viu a denúncia como uma afronta a uma determinação sua do ano passado. Advogados de Glenn avaliam também pedir a rejeição ainda na primeira instância.
Advogados e ministros de cortes superiores afirmam que a denúncia contra Glenn não deve prosperar por uma razão técnica. O inquérito só conseguiu mostrar contato do jornalista com os autores após a invasão ter ocorrido.
Não haveria, portanto, indícios de que Glenn tenha instigado ou dado meios para a ação, elementos necessários para configuração de crime. O procurador diz que o jornalista recebeu material de origem ilícita enquanto o grupo ainda agia.
Já para Marco Aurélio Mello, do STF, a denúncia é um ato “problemático” e “perigoso” por se tratar de situação que, segundo ele, pode cercear a liberdade de expressão.
Denúncia contra Glenn
O procurador Wellington Oliveira denunciou Glenn Greenwald, na Operação Spoofing, por 176 invasões de dispositivo informático e associação criminosa. Segundo o MPF, o jornalista auxiliou e orientou hackers durante o período das invasões. As mensagens de autoridades vazadas serviram de base para a série de reportagens Vaza Jato.
O editor do Intercept, no entanto, sequer foi alvo de investigação da Polícia Federal que, ao analisar as mesmas mensagens que basearam a denúncia do MP, inocentou Glenn. “Não é possível identificar a participação moral e material do jornalista Glenn Greenwald nos crimes investigados”, disse a PF em relatório.
Repercussão
Pelas redes sociais, diversas figuras da cena política criticaram a atuação do MP no episódio. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), saiu em defesa de Glenn e disse que “jornalismo não é crime”. Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff também criticaram Oliveira e disseram que houve um atentado contra a liberdade de imprensa.
Posição do The Intercept
Em nota publicada nesta tarde, o The Intercept considerou que o MP adotou um papel “claramente político” e denunciou uma tentativa de cerceamento de liberdade de expressão. “Nós do Intercept vemos nessa ação uma tentativa de criminalizar não somente o nosso trabalho, mas de todo o jornalismo brasileiro. Não existe democracia sem jornalismo crítico e livre. A sociedade brasileira não pode aceitar abusos de poder como esse”, disse o veículo.
Com informações do Painel, da Folha