Globo rebate declaração vazada de Bolsonaro: "Não cultivamos inimigos"

Em nota, o Grupo Globo comentou a conversa de Bolsonaro com o ex-ministro Gustavo Bebianno por Whatsapp, vazada pela Veja, em que o presidente diz que a emissora é "inimiga" e veta uma reunião do correligionário com o o vice-presidente de Relações Institucionais da empresa

Gustavo Bebbiano e Bolsonaro - Foto: Arquivo
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O Grupo Globo colocou ainda mais lenha na fogueira da crise que atinge o governo Bolsonaro com uma nota divulgada no final da tarde desta terça-feira (19). No texto, a empresa que detém os maiores veículos de comunicação do país rebate a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que a Globo é "inimiga" e em que veta uma reunião do ex-ministro Gustavo Bebianno com o vice-presidente de Relações Institucionais do grupo,  Paulo Tonet. As declarações de Bolsonaro foram dadas em uma conversa com Bebianno via Whatsapp que foi vazada à revista Veja. O diálogo aconteceu no dia 12 de fevereiro, quando Bolsonaro estava internado no Hospital Albert Einstein, e desmonta a versão do presidente de que ele não havia conversado com o ex-ministro naquele dia. “Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo. Então não dá para ter esse tipo de relacionamento. Agora… Inimigo passivo, sim. Agora… Trazer o inimigo para dentro de casa é outra história. Pô, cê tem que ter essa visão, pelo amor de Deus, cara. Fica complicado a gente ter um relacionamento legal dessa forma porque cê tá trazendo o maior cara que me ferrou – antes, durante, agora e após a campanha – para dentro de casa. Me desculpa. Como presidente da República: cancela, não quero esse cara aí dentro, ponto final”, diz Bolsonaro no áudio vazado. Na nota, o Grupo Globo afirma que "não tem nem cultiva inimigos" e que "a própria natureza de sua atividade jamais permitiria qualquer postura em contrário". Sobre a reunião vetada com Tonet, a empresa diz que "visitas de diretores do Grupo Globo a autoridades dos diferentes poderes, servidores públicos, executivos de empresas e representantes da sociedade civil são rotineiras". Confira a íntegra da nota. O Grupo Globo considera que não tem nem cultiva inimigos. A própria natureza de sua atividade jamais permitiria qualquer postura em contrário. Hoje, como sempre, sua missão é levar ao público jornalismo independente – dando transparência a tudo o que é relevante para o País – e entretenimento de qualidade. Continuaremos a trabalhar nesta mesma direção. A visita de Paulo Tonet Camargo, Vice-Presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, ao então ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, constava da agenda pública do ministro, divulgada na internet. Visitas de diretores do Grupo Globo a autoridades dos diferentes poderes, servidores públicos, executivos de empresas e representantes da sociedade civil são rotineiras. E, nesse aspecto, não nos diferenciamos de qualquer grupo empresarial que pretenda ouvir todas as vozes de uma sociedade livre, de forma transparente e com agenda pública, mantendo relações estritamente institucionais e republicanas Laranjal  A origem da crise entre Bolsonaro e Bebianno está em uma denúncia da Folha de S. Paulo sobre candidaturas de fachada do PSL - as chamadas candidaturas laranja - no ano passado. Mais de uma candidata a deputada federal "receberam" altas quantidades de recursos do fundo partidário sendo que tiveram pouquíssimos votos. A suspeita é de desvio desses recursos, que são compostos de dinheiro público. A Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (19), por 6 votos a 5, um convite para Gustavo Bebianno, explicar os repasses a candidatas laranjas do PSL em 2018.