No primeiro ano de governo Bolsonaro, comunidades terapêuticas cristãs receberam quase 70% da verba pública enviada pelo Ministério da Cidadania como parte do programa que oferece tratamento a usuários de drogas.
De acordo com levantamento da Agência Pública, pelo menos R$ 41 milhões da verba do ministério foram para grupos evangélicos e R$ 44 milhões para católicos. Ao todo, mais de 60% das comunidades terapêuticas contratadas em 2019 têm ligações diretas com grupos religiosos.
“O problema das comunidades terapêuticas no Brasil é que a maioria é controlada por grupos religiosos”, diz Kleidson Oliveira Bezerra, presidente do Coletivo de Luta Antimanicomial Nacional.
Na maioria das CTs cristãs, segundo ele, práticas como leitura da bíblia, cultos, missas e orações são oferecidas como tratamento aos usuários de drogas.
“Eles privam o sujeito da liberdade, exploram o trabalho e aproveitam a vulnerabilidade para doutrinar. Transformar a pessoa em um produto da igreja", continuou.
A instituição que mais recebeu dinheiro do governo em 2019 foi o o Grupo de Assistência à Dependência Química Nova Aurora, que recebeu R$ 1,6 milhão. O segundo maior volume de recursos - R$ 1,3 milhão - foi para a Escola de Treinamentos Missionários, do grupo evangélico Desafio Jovem.