Governo Bolsonaro tira do ar único banco de dados oficial sobre drogas do país

Na opinião do biomédico Renato Filev, a retirada do Obid da web é um mecanismo de "diminuição da transparência" e "aversão ao conhecimento" manifestados pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra

Osmar Terra e Bolsonaro | Reprodução/Facebook
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O portal Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid) está fora do ar há seis meses, quando foi transferido do guarda-chuva do Ministério da Justiça para a pasta da Cidadania. O portal, criado em 2002 e considerado o único banco de dados oficiais sobre drogas no país, ainda tem sua descrição guardada no histórico do site do Ministério da Justiça. Lá, o portal Obid é descrito como "responsável por gerir e disseminar informações confiáveis e científicas sobre drogas" e como "um canal de armazenamento de dados sobre drogas, incluindo pesquisas realizadas pela Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), estatísticas e indicadores". O Ministério da Cidadania informou que o Obid passou ao escopo da pasta de Osmar Terra por meio de decreto assinado no dia 2 de janeiro. O órgão, no entanto, não disse quando o portal foi tirado do ar. Para o biomédico Renato Filev, pesquisador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, o Obid era "uma referência importante, única". Ele lembra que "existem algumas iniciativas e bibliotecas que servem como repositórios, mas nenhum é como o Obid". “Eu havia procurado (o banco de dados on-line) há alguns meses e não encontrei. Questionei outros pesquisadores que me confirmaram que estava fora do ar”, conta Filev. Na opinião do pesquisador, a retirada do Obid da web é um mecanismo de "diminuição da transparência" e "aversão ao conhecimento" manifestados pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra. O GLOBO apurou que a última movimentação na página do Obid se deu no dia 8 de janeiro. Em resposta à reportagem, o Ministério da Cidadania afirmou apenas que "o portal está sendo migrado e atualizado", mas não informou quando será reativado. A página usa a ferramenta Way Back Machine, banco de dados digital que arquiva mais de 475 bilhões de páginas da web. Com informações do Globo