Governo Bolsonaro trabalha para garantir recursos a site de fake news após decisão do Banco do Brasil

Fábio Wajgnarten disse que o governo está tentando "contornar a situação" e garantir o financiamento do banco público a um reconhecido portal de desinformação

Fabio Wajngarten, secretário de Comunicação, e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)
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A decisão do Banco do Brasil de bloquear os anúncios do site “Jornal da Cidade Online" (JCO) após pressão do movimento Sleeping Giants Brasil parece ter repercutido negativamente no governo do presidente Jair Bolsonaro. O chefe da Secretário de Comunicação do Governo (Secom), Fabio Wajngarten, anunciou na quarta-feira (21) que vai "contornar a situação".

"Estamos cientes da importância do jornalismo independente. Nem toda a comunicação do que é público depende de nós, mas já estamos contornando a situação. Agradecemos pelo retorno e pode contar com o governo na defesa da liberdade de expressão. Os jornais independentes são muito importantes e devem ser valorizados no exercício da liberdade de expressão", escreveu o secretário ao ser questionado pelo olavista Leandro Ruschel.

Em seguida, ele fez uma série de postagens exaltando o JCO como um veículo "técnico" e falou em "quebra do monopólio da comunicação". "Não adianta fazer ilações vazias. Sempre defendi e continuarei defendendo a mídia técnica. Atacar veículos independentes não trará o faturamento e o leitor de volta a seu patrão. O remédio é e sempre será o bom jornalismo", declarou.

Conhecido como um dos maiores propagadores de notícias falsas, o Jornal da Cidade Online já foi condenado a indenizar o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, por fake news. Segundo a agência ‘Aos Fatos’, o portal chegou a usar colunistas fake com fotos modificadas virtualmente.

Por essas e outras ocorrências – principalmente durante as eleições de 2018 -, o JCO foi escolhido pelo Sleeping Giants Brasil para começar sua atuação. Assim como o original, dos EUA, o movimento busca alertar as empresas de que a publicidade de seus produtos aparecem em sites de extrema direita e/ou de fake news.

À contragosto de Wajngarten e do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, o Banco do Brasil atendeu aos pedidos do movimento para bloquear os anúncios no site e desmonetizar um dos principais veículos de propagação de informações falsas. Carlos é apontado pela CPMI das fake news e por fontes ligadas a um inquérito sobre o tema no Supremo Tribunal Federal como responsável por comandar uma rede de desinformação e ataque a adversários.

Com menos de três dias na ativa, o Sleeping Giants e seus seguidores já conseguiram fazer com que pelo menos onze empresas parassem de financiar o JCO. Entre elas estão Dell, Telecine, Loft, Submarino, Banco do Brasil, Domestika, History Channel, Nuuvem.com, Pic Pay, Fast Shop e Philips. O Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso do Sul também retirou anúncios.

O êxito do movimento gerou uma onda de ataques virtuais promovidas pelas milícias digitais bolsonaristas, que mobilizaram uma tag contra a empresa Dell e prometeram denunciar o perfil para tentar impedir a continuidade da iniciativa.