Heleno manda índios isolados irem ao SUS em reunião sobre proteção dos povos na pandemia

Na primeira reunião do gabinete de crise criado por determinação do STF, ministro que deveria coordenar os trabalhos atacou indígenas e criticou realização do encontro

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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A primeira reunião do gabinete de crise criado por decisão do Supremo Tribunal Federal para proteger comunidades indígenas na pandemia de coronavírus desagradou representantes dos principais povos e o Ministério Público Federal. Declarações do general Augusto Heleno tornaram um encontro em um fiasco, segundo informações obtidas pela revista Veja.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Jair Bolsonaro é o responsável por coordenar os trabalhos do gabinete de crise, que tem como objetivo encontrar soluções para a proteção de índios isolados e de recente contato, os mais vulneráveis à covid-19. A reunião ocorreu por videoconferência.

Participantes relataram que esse objetivo não foi abordado corretamente e que o Heleno afirmou que a questão indígena deveria ter sido resolvida há 50 anos no Brasil. O ministro disse ainda que os povos encontrados fora de terras demarcadas serão tratados como produtores rurais e orientados a buscar o atendimento do SUS como qualquer cidadão.

As declarações levaram indígenas de etnias como Marubo, Kaxuyana, Guajajara e Terena, que participavam da reunião virtual, a fazer duras críticas ao ministros. Augusto Heleno ainda criticou a própria existência do gabinete, dizendo que a reunião só foi realizada por conta de ONGs e partidos políticos opositores.

O gabinete de crise foi criado pro decisão do ministro do STF Luís Roberto Barroso, que atendeu à Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 709, ingressada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Abip) e seis partidos (PSB, PSOL, PCdoB, Rede, PT e PDT).