Bolsonaro usou Itamaraty para acionar presidente de Angola contra "invasão" de pastores a templos da Universal

Presidente angolano, João Lourenço disse que caso "terá o tratamento cabível na Justiça”. Itamaraty usou mesmos termos de nota emitido por Edir Macedo, acusado por bispos locais de evasão de divisas, expatriação de capital, racismo e imposição de prática de vasectomia

Bolsonaro com Edir Macedo no Templo de Salomão (Foto: Alan Santos/PR)
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Sob risco de criar nova crise diplomática, Jair Bolsonaro usou o Itamaraty para pressionar o presidente de Angola, João Lourenço, a interferir na disputa entre pastores africanos que tomaram templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no país.

"(O caso) terá o tratamento cabível na Justiça”, teria respondido o presidente angolano, segundo informações de José Casado, no jornal O Globo desta terça-feira (28).

Antes de tomarem os templos da Universal no país, bispos e pastores angolanos divulgaram uma carta que acusa a direção brasileira, liderada pelo bispo brasileiro Edir Macedo, de evasão de divisas, expatriação ilícita de capital, racismo, discriminação, abuso de autoridade, imposição da prática de vasectomia aos pastores e intromissão na vida conjugal dos religiosos.

Apoiador de primeira hora de Bolsonaro, Edir Macedo trata o episódio como “um golpe” e disse em nota que a "igreja viu-se invadida em Luanda, Benguela, Huambo e Malange por um grupo de ex-pastores desvinculados da instituição por práticas e desvio de condutas morais e em alguns casos criminosas".

O termo "invasões" e a alegação de Macedo fo usado pelo Itamaraty na manifestação ao presidente angolano, justificada pela "preocupação" com 65 brasileiros ligados à Universal que residem no país africano.

No total, 85 templos da igreja foram assumidos por pastores angolanos.