Equipe de Guedes, que mentiu em Dubai, reduz previsão do PIB mais uma vez

Dois dias após Guedes mentir que economia brasileira cresceria 5,5%, Ministério da Economia reduz projeção de 5,3% para 5,1%. Estimativa de inflação saltou para 9,7%, muito acima do centro da meta, de 3,7%.

Paulo Guedes em Dubai (Foto: Alan Santos/PR)
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Dois dias após Paulo Guedes mentir em palestra a investidores em Dubai, dizendo que o Brasil "cresce acima da média mundial” e terá um aumento de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, a equipe técnica do Ministério da Economia reduziu mais uma vez a expectativa sobre a economia brasileira.

Boletim MacroFiscal da Secretaria de Política Econômica (SPE) divulgado nesta quarta-feira (17) cortou de 5,3% para 5,1% a previsão de alta do PIB para este ano, deixando ainda mais longe do número divulgado pelo ministro para captar "petrodólares" no Oriente Médio.

Os técnicos do Ministério da Economia também reduziram de 2,5% para 2,1% a expectativa de crescimento da economia para 2022.

Inflação beira os dois dígitos

O boletim ainda revê para cima a previsão de inflação para 2021, que já beira os dois dígitos. Em julho, o governo previa uma alta de 5,9%, em setembro a expectativa foi a 7,9% e agora o Ministério da Economia prevê inflação de 9,7%, estourando longe o centro da meta estimado pelo governo, de 3,75%.

Para o ano que vem, a estimativa é de 4,70%, ante 3,75% em setembro.

Guedes mente em Dubai

Após Jair Bolsonaro (Sem partido) dizer que a Amazônia não pega fogo a uma plateia de investidores em Dubai na última segunda-feira (15), foi a hora de Paulo Guedes mentir no evento, dizendo que o “Brasil cresce acima da média mundial”.

O ministros mentiu descaradamente projetando que o Brasil crescerá “5,5% esse ano”, um porcentual que não encontra lastro nem nas projeções da própria equipe econômica.

“O Brasil foi uma das economias que menos caíram, voltaram mais rápido, criaram mais empregos e estamos crescendo, também, acima da média mundial. Isso, graças à orientação do nosso presidente de não deixar nenhum brasileiro para trás durante a pandemia”, afirmou.

Guedes também contraria dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE), que em setembro estimou que o Brasil crescerá menos que a média mundial em 2021 e em 2022.

Segundo a OCDE, o Brasil deve crescer 5,2% neste ano, abaixo dos 5,7% da média mundial e bem atrás de países como China (8,5%), Turquia (8,4%), Argentina (7,6%), Espanha (6,8), Reino Unido e Índia (6,7%).

Sob o comando de Guedes, o crescimento da economia brasileira também ficará abaixo da média dos países do G20, de 6,1%. Para 2022, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o Brasil terá um crescimento pífio, de 1,5%, o menor entre todos os membros do G20. A Índia lidera o ranking, com projeção de 8,5%.

Paraíso de investimentos

Repetindo Bolsonaro sobre a Amazônia, Guedes ainda afirmou que o Brasil “está virando um paraíso para os empreendedores”, com juros baixos, o que também contrasta com a realidade.

A taxa básica de juros, a Selic, abriu 2021 a 2% ao ano, mas em outubro teve a sexta alta consecutiva.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a Selic de 6,25% para 7,75% ao ano, e as previsões do mercado indicam que a taxa possa superar os 10% em 2022, como parte da estratégia do BC para conter a alta da inflação.