Bolsonaro busca vice militar por medo de impeachment e erosão no apoio, diz jornal

Com o derretimento na popularidade, Bolsonaro teme ser traído pelo Centrão em um segundo mandato e impedir que "façam com ele o que Temer fez com a Dilma". Vice general tenta estancar fuga de militares em direção à candidatura Sergio Moro.

Jair Bolsonaro com o comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, e os ministros militares, Luiz Ramos (Secretaria-Geral da Presidência) e Braga Netto (Defesa) (Foto: Foto: Isac Nóbrega/PR)Créditos: Presidência da República
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O anúncio por Jair Bolsonaro (PL) de que busca um "general de quatro estrelas" para o posto de vice em sua chapa à reeleição em 2022 teria dois motivos: evitar um impeachment e estancar a erosão de apoio que acontece na caserna após deserção de figuras como o general Carlos Alberto Santos Cruz, que agora apoia o também ex-ministro Sergio Moro.

Segundo quatro auxiliares ouvidos por Fabio Murakawa, em reportagem no Valor Econômico nesta segunda-feira (13), Bolsonaro teme ser traído pelo Centrão em um segundo mandato e já fala sobre uma possível debandada da base de apoio caso as pesquisas continuem mostrando sua popularidade derretendo.

"O presidente tem medo que façam com ele o que o Michel Temer fez com a Dilma  [Rousseff]”, disse um ministro à reportagem, em relação ao golpe.

Quanto aos militares, a fuga de apoio já acontece e Bolsonaro tenta estancar a sangria. Santos Cruz e Otávio do Rêgo Barros, general da reserva que foi escorraçado do cargo de porta-voz do presidente, trabalham para migrar um grupo de militares para dar sustentação a Sergio Moro.

Atualmente, o preferido de Bolsonaro é o ministro da Defesa, Walter Braga Netto. General de Quatro Estrelas, Braga Netto comandou a intervenção do governo federal na segurança pública do Rio de Janeiro e sabe, como ninguém, sobre a relação do clã Bolsonaro com as milícias.

Mesmo assim, se manteve fiel ao presidente desde o início do governo e é um dos principais interlocutores de Bolsonaro dentro do Planalto.