Quase 300 delegados e chefes da Receita se demitem após Bolsonaro turbinar salários na PF

A decisão foi motivada pela iniciativa de Bolsonaro de transferir recursos previstos, inicialmente, para o Ministério da Economia para viabilizar reajuste de policiais em 2022

Foto: Receita FederalCréditos: Reprodução
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O esforço de Jair Bolsonaro para pressionar o Congresso e turbinar o salário da Polícia Federal (PF) no Orçamento de 2022 provocou reações. Delegados e chefes de divisão da Receita Federal pediram demissão em massa.

A decisão foi motivada depois de cortes nos recursos previstos, inicialmente, para o Ministério da Economia. A verba deverá ser utilizada para viabilizar o reajuste de policiais.

Segundo informações do Sindicato Nacional dos Auditores (Sindifisco), foram 283 pedidos de exoneração até o momento. Em alguns estados, todos os delegados se demitiram: São Paulo, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Paraíba.

“Não é carta de intenção. É pedido de exoneração efetivo. Isso significa que o órgão de arrecadação do país puxou o freio de mão. Vamos esperar uma solução, mas enquanto isso há um caos administrativo”, declarou o presidente do Sindifisco, Kleber Cabral, em entrevista à CNN Brasil.

Os servidores da Receia Federal querem que o governo Bolsonaro conceda o pagamento de gratificação associada à produtividade, o que não foi incluído no orçamento aprovado na terça-feira (21).

Assembleia com previsão de greve geral

Com o objetivo de pressionar o governo, a categoria realizará uma assembleia, nesta quinta (23), com previsão de greve geral. “Para dar reajuste a policiais, pegaram o orçamento do órgão que arrecada”, desabafou Cabral.

Segundo informações do sindicato, a ação pode acarretar atrasos em processos da Receita, em sistemas de arrecadação de impostos e em procedimentos aduaneiros na circulação de cargas e mercadorias.