General Heleno libera exploração de diamantes em terra de reforma agrária

O assentamento de reforma agrária tem área de 3.178 hectares e era destinado a 79 famílias, na fronteira de Roraima com a Guiana

O general Augusto Heleno (Foto Carolina Antunes/PR)Créditos: Agência Brasil / PR
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O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro (PL), general Augusto Heleno, autorizou a exploração de diamantes em uma área de 9.999,63 hectares, grande parte de um assentamento de reforma agrária de 3.178 hectares. O espaço era destinado a 79 famílias, na fronteira de Roraima com a Guiana.

O militar também é secretário-executivo do Conselho de Defesa Nacional e assessora Bolsonaro em temas de defesa e soberania. Ele tem o poder de liberar ou negar projetos de mineração na faixa de fronteira, em uma largura de até 150 quilômetros, de acordo com reportagem de Vinicius Sassine, na Folha de S.Paulo.

No início de dezembro, Heleno deu aval a pelo menos sete projetos de garimpo de ouro em áreas da Amazônia, na cidade de São Gabriel da Cachoeira (AM), em uma região intocada da floresta na fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela.

A área, conhecida como Cabeça do Cachorro, é uma das mais preservadas da Amazônia e abriga 23 etnias indígenas. Seis dos sete empreendimentos ocorrem em “terrenos da União”.

Os projetos foram encaminhados ao Conselho de Defesa Nacional pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Segundo reportagem da Folha, estas teriam sido as primeiras autorizações para garimpo na região.

General concedeu 81 autorizações de mineração na Amazônia desde 2019

Heleno concedeu 81 autorizações de mineração na Amazônia desde 2019, entre permissões de pesquisa e de lavra de minérios. A maior quantidade foi em 2021: 45, conforme atos publicados até o dia 2 de dezembro, sendo essa a maior quantidade num ano desde 2013.

O aval de Heleno autoriza o garimpo em uma área de 587 mil hectares, quase quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Apenas os sete projetos na região de São Gabriel da Cachoeira englobam 12,7 mil hectares.

Mourão disse que o Brasil ainda pode desmatar uma área da Floresta Amazônica de 205 mil km2

No governo Bolsonaro, os militares são responsáveis por inúmeros processos envolvendo a Amazônia. Outro general, o vice-presidente Hamilton Mourão, comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal, integrado por outros militares.

Recentemente, quando estava em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Mourão declarou que o Brasil ainda pode desmatar uma área da Floresta Amazônica de 205 mil quilômetros quadrados.

A área equivale a 135 vezes o tamanho da cidade de São Paulo, que é de 1.521 quilômetros quadrados.