Pelo Twitter, ministro da Justiça defende Allan dos Santos: "Interpol não incluiu na lista vermelha"

Anderson Torres negou pressão e disse que delegada foi demitida por "ter faltado com a verdade". Blogueiro bolsonarista está foragido nos EUA, onde mora ilegalmente.

Allan dos Santos, Jair Bolsonaro e Anderson Torres (Montagem: Imagem 1: Agência Brasil / Imagem 2: Ministério da Justiça)
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Após demitir ao menos duas delegadas ligadas à extradição de Allan dos Santos, o ministro da Justiça, Anderson Torres, foi às redes sociais na manhã desta quarta-feira (8) e, para se justificar, fez uma espécie de defesa do blogueiro bolsonarista, que fugiu para os EUA após ser acusado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de comandar a milícia virtual que propaga fake news e organizou atos golpistas no Brasil.

"Até o momento, a Interpol não incluiu Allan dos Santos na lista de difusão vermelha", escreveu Torres, enumerando "a verdade sobre o trâmite do caso Allan dos Santos". "O resto é ilação", ressaltou.

Torres afirmou ainda que "nunca houve 'pressão'" da pasta no caso, mas um "pedido de acesso LEGÍTIMO, do Secretário de Justiça aos autos, o que lhe foi negado pela sua subordinada".

"A principal causa da exoneração da chefe da DRCI foi ela ter faltado com a verdade, e, informado somente em 4/11, que o processo já havia saído do MJSP em 19/10", alegou.

https://twitter.com/andersongtorres/status/1468543832971419648

Demissões e represálias

Ex-chefe do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI), Silvia Amélia foi a primeira delegada demitida no caso.

Ela foi responsável por dar andamento ao pedido de extradição do blogueiro bolsonarista.

Ainda em novembro, Georgia Renata Sanchez Diogo, chefe da Assessoria Especial Internacional do Ministério da Justiça, foi avisada que deixaria o cargo.

Em depoimentos prestados à Polícia Federal (PF), três funcionários do DRCI declararam que foram pressionados pela cúpula do Ministério da Justiça no caso do processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.

As denúncias foram feitas pela delegada da PF, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, ex-diretora do DRCI; pelo coordenador de extradição do DRCI, Rodrigo Sagastume; e pela diretora substituta do DRCI, Priscila Campelo.

Todos os servidores relataram que o caso da extradição do blogueiro bolsonarista teve, pela primeira vez, a interferência do ministério, que chegou a solicitar informações e cópias do material.

Ilegal no país

Allan dos Santos está nos Estados Unidos (EUA) ilegalmente. O blogueiro foi alvo de um pedido de prisão preventiva determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), onde é investigado nos inquéritos das milícias digitais e da organização de atos antidemocráticos.

O blogueiro fugiu para os EUA em agosto de 2020, quando já era investigado em inquéritos do STF. Mensagens obtidas pela CPI da Covid indicam que o blogueiro teve despesas bancadas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).