Secretário de Cultura, Mario Frias compara pandemia com holocausto e diz que objetivo é a queda de Bolsonaro

Mario Frias, que ocupa o mesmo cargo de Roberto Alvim, demitido após vídeo com apologia ao nazismo, desdenhou de organização judaica que afirmou ser "paródia agressiva": "Vá trabalhar"

Reprodução/Instagram
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O secretário de Cultura do governo Jair Bolsoanro, Mario Frias, comparou as medidas de isolamento para contenção na pandemia ao holocausto em publicação na noite desta quinta-feira (11) e causou revolta entre organizações e representantes da comunidade judaica.

Na publicação, feita às 21h03, Frias destaca uma cena do filme "A Lista de Schindler" em que judeus dizem trabalhar em setores essenciais para se livrar de campos de concentração.

"O setor de eventos clama para poder levar o pão para dentro de casa, para poder sustentar a própria família. Até quando um burocrata arrogante irá dizer que ele não é essencial?", escreveu o secretário de Cultura de Bolsonaro, que sucedeu Regina Duarte na mesma pasta ocupada pelo diretor de teatro Roberto Alvim, que foi demitido por fazer um vídeo com referência ao nazismo.

Museu do Holocausto
O perfil do Museu do Holocausto no Twitter rebateu o secretário, indagando se "é desta forma que pretende se opor às medidas de combate à pandemia? Crê que a analogia com esta paródia agressiva não ofende sobreviventes e descendentes? Que não prejudica a construção da memória do Holocausto?". Comentou ainda: "Que vergonha, secretário".

Mario Frias respondeu com desfeita, dizendo que é "preciso discernimento para se analisar uma postagem" e cometeu um erro grave de gramática.

"Sem duvida é preciso discernimento para se analisar uma postagem. Todos que sofreram desse horror tem meu respeito e solidariedade. O trexo (SIC) do filme retrata bem uma situação que estamos vivenciando, guardadas as devidas proporções. Fique com Deus e vá trabalhar", retrucou.

O secretário também foi cobrado pelo jornalista Daniel Rittner, que disse que "há cinco dias, em Tel-Aviv, chanceleres de Israel e do Brasil repudiaram comparações com o Holocausto - atitude que ofende sobreviventes e seus familiares, além de banalizar aquele método industrial de matar por critérios de 'raça'".

Frias respondeu com desdém, dizendo que o jornalista merece "meu total desprezo".

Bolsonaro
Desdenhando das críticas, Mario Frias voltou ao Twitter e compartilhou "um parágrafo" homônimo em que insinua que as mais de 270 mil mortes provocadas pelo coronavírus não são verdade e diz que médicos, governadores, prefeitos e jornalistas mentem "porque todos eles comungam da mesma fé esquerdista que une os criminosos que querem a queda de um governo conservador e honesto".

As publicações foram apagadas do perfil minutos após serem publicadas, mas a Fórum fez o print de todas as imagens.