Articulador do golpe de 2016, Etchegoyen diz que Bolsonaro não repetirá 1964: "Não se faz uma aventura desse jeito"

Ex-ministro de Temer, general ainda ironizou bolsonaristas ao afirmar que muitas pessoas, de tempos em tempos, pegam um “lençolzinho verde-oliva para sair à rua, assustando as crianças”

Michel Temer e Sérgio Etchegoyen (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Articulador do golpe de 2016 contra Dilma Rousseff (PT) junto com o general Eduardo Villas Bôas e Michel Temer, de quem foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general do Exército Sérgio Etchegoyen afirmou que os militares não apoiam a "aventura" de Jair Bolsonaro (sem partido) de reviver 1964 e instalar uma nova ditadura.

"Não se faz uma aventura desse jeito. Nós teríamos um repúdio internacional. O Brasil viraria um pária definitivo", disse em entrevista à Rádio Gaúcha, ironizando bolsonaristas ao afirmar que muitas pessoas, de tempos em tempos, pegam um “lençolzinho verde-oliva para sair à rua, assustando as crianças”.

Segundo Etchegoyen, “em todas as rupturas que tivemos, houve apoio popular” e hoje Bolsonaro não reúne a coalisão que fez com que militares derrubassem o presidente João Goulart e tomassem o poder em 1964.

"Em 1964 tinha apoio popular, apoio da imprensa, apoio da população, uma porção de coisas. Se acharem que tem gente na mesma quantidade para sair para a rua apoiar uma ruptura em nome do presidente ou a queda do presidente, tá bem. Mas não vão achar. Nem vão achar nas Forças Armadas alguém que imagine que isso seja a solução. E lamento muito que alguns na sociedade achem que isso seja possível", afirmou em entrevista a Malu Gaspar, no jornal O Globo.

Para o general da reserva - que disse saber "o que está falando", - a crise provocada por Bolsonaro com a demissão de Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa causou "um mal estar interno", mas ressaltou que "faz tão mal à nossa democracia a gente achar que em qualquer soluço político os militares possam tomar uma atitude".

Citando Lula e Dilma, Etchegoyen disse ainda que "nós já tivemos comandantes supremos que não eram os mais votados nas Forças Armadas e nem por isso deixaram de comandar".

"Cada vez que acontece uma coisa, a gente acha que houve uma crise militar. Não teve no governo Lula, não teve sob Dilma, não teve no governo Temer e não terá agora. As Forças Armadas não vão para a rua defender politicamente ninguém."