Assessora de Guedes diz que Correios serão privatizados por "valorzinho" simbólico

Secretária de privatizações do governo Bolsonaro, Martha Seillier diz que "foco" da venda dos Correios não é dar lucro. Contas de Guedes depreciam patrimônio e ignoram lucro acumulado da estatal.

Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e Martha Seillier, secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (Foto: Edu Andrande/Ascom/ME)
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Com lucro de R$ 12,4 bilhões nos últimos 20 anos, os Correios serão privatizados por um "valorzinho" simbólico, segundo Martha Seillier, secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), braço do Ministério da Economia, de Paulo Guedes, para privatizações no governo Jair Bolsonaro (Sem partido).

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"Vamos precificar todos os ativos dos Correios e tirar desse valor a obrigação de prestar serviço em todas as cidades do Brasil por mais alguns anos. Depois, vamos tirar desse valor todas as obrigações de pagar impostos que hoje a empresa não tem. Aí vai sobrar um valorzinho, vamos dizer assim, que é o quanto a gente vai pedir no leilão", disse ela, em entrevista a Filipe Andretta, no portal Uol, neste sábado (28).

As "contas" feitas pela equipe de Guedes incluem o serviço de entrega de cartas que a concessionária teria que arcar por "alguns anos" - ao todo cinco anos - e os impostos que terá que pagar, já que, como empresa pública os Correios têm isenção de alguns impostos, como IPTU, ICMS, ISS e IRPJ.

"No fim das contas, o valor será simbólico. É claro que é uma empresa muito grande e a tendência é a gente ir para o leilão. Se tiver muita concorrência, haverá um ágio [diferença entre o lance mínimo e a proposta vencedora] e a gente vai acabar tendo um valor relevante na venda dos Correios. Mas esse não é o foco", sobre ter lucro com a venda da estatal.

O governo Bolsonaro ainda alega que a empresa poderá começar a dar prejuízo pela falta de capacidade de investimento para brigar com concorrentes, desconsiderando o repasse de R$ 9 bilhões - cerca de 73% - do lucro da empresa nas últimas duas décadas repassados à União.

"Não teremos como aportar recursos, tirar dinheiro da educação, da segurança ou da saúde para fazer investimentos nos Correios. Vai começar a ter diretriz de desinvestimento, com corte de cidades deficitárias, demissão de pessoal e fechamento de agências", ameaça.

As contas da equipe de Guedes ainda depreciam o valor dos imóveis que pertencem as empresas, estimado em R$ 3,85 bilhões e o patrimônio líquido da empresa, de R$ 950 milhões. Sem citar nenhuma referência, o governo diz que o preço dos imóveis estão defasados.