Em seu primeiro dia útil no ano, nesta quinta-feira (6), Jair Bolsonaro (PL) desferiu novos ataques à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por causa da liberação da vacinação contra a Covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos.
"A Anvisa, lamentavelmente, aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos de idade. A minha opinião, quero dar para você aqui: a minha filha de 11 anos não será vacinada. E você tem que ler o que foi feito ontem no Ministério da Saúde, o encaminhamento disso daí, para você decidir se vai vacinar o seu filho de 5 a 11 anos ou não", disse, repetindo a ladainha que a "Pfizer não se responsabiliza por efeitos colaterais".
Mostrando ignorância em relação aos próprios dados do governo, Bolsonaro indagou: "Eu pergunto você tem conhecimento de alguma criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de Covid? Eu não tenho", disse.
Informações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI), que municia o próprio Ministério da Saúde, mostram que o país contabilizou a morte de 301 crianças entre 5 e 11 anos em consequência do coronavírus desde o começo da pandemia até 6 de dezembro. O dado corresponde a 14,3 óbitos por mês ou um a cada dois dias.
Os números mostram, ainda, que 2.978 crianças receberam diagnósticos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19, com 156 mortes, em 2020. Em 2021, já foram contabilizados 3.185 casos, com 145 óbitos, totalizando 6.163 casos e 301 vítimas fatais.
Bolsonaro ainda ignora a questão coletiva em vacinar as crianças, para evitar que elas sirvam de agente de contaminação de outras pessoas, inclusive idosos e pessoas com comorbidades, e levanta dúvidas sobre a atuação da Anvisa.
"O que que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse das pessoas taradas por vacina? É pela sua vida? É pela sua saúde? Se fosse, estariam preocupados com outras doenças no Brasil, que não estão", afirmou.
Em seguida, Bolsonaro se contradiz ao afirmar que existem mortes de crianças, mas que seriam apenas de quem tinha "algum problema de saúde grave", o que não corresponde aos dados.
"Então eu peço, como se trata de crianças, não se deixe levar pela propaganda. Converse com os teus vizinhos. Quanto garoto contraiu Covid e não aconteceu absolutamente nada com ele? Quando morre um garoto que contraiu Covid, geralmente, que isso é quase, eu desconheço, mas existe com toda a certeza um moleque que morreu em função do Covid, mas é uma pessoa que tinha algum problema de saúde grave, ou era muito obeso, ou tinha alguma outra comorbidade qualquer", disse, mentindo.
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