Bolsonaro recebe Moraes e Fachin e pede "mais diálogo"

Quase sempre esvaziada, a agenda do Planalto registrava reunião com o ministro da Defesa e cúpula das Forças Armadas antes de encontro com ministros do STF, que durou cerca de 10 minutos.

Comandantes das Forças Armadas, ministro da Defesa e o presidente Jair Bolsonaro (Foto: Presidência da República)Créditos: Presidência da República
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A agenda, quase sempre esvaziada de Jair Bolsonaro (PL), parece ter sido construída a dedo para o rápido encontro do presidente com aqueles que considera algozes do Supremo Tribunal Federal (STF), os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin.

Antes das 11h30, horário marcado com os magistrados no Planalto, Bolsonaro recebeu o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e os três comandantes das Forças Armadas, que acompanharam o presidente no encontro com os dois ministros.

Temendo um encontro a sós com Fachin e Moraes - a quem chamou de "canalha" no ato golpista de 7 de Setembro -, Bolsonaro ainda escalou o advogado-geral da União, Bruno Bianco, e o Secretário Nacional de Justiça, Vicente Santini.

Os dois ministros foram recebidos na antessala do gabinete presidencial para entregar o convite da posse de Fachin, como presidente, e Moraes, como vice, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em cerca de 10 minutos, Bolsonaro só se referiu aos magistrados para pedir "diálogo mais habitual". Coube à cúpula das Forças Armadas quebrar o gelo colocando os militares à disposição para dar segurança às eleições de 2022.

Bolsonaro não confirmou se estará presente na posse dos dois ministros do TSE, que aconcete no próximo dia 28.

Alvos de ataques

Principal alvo da horda bolsonarista, Moraes assume a presidência do TSE em agosto de 2022 e vai comandar o tribunal durante as eleições presidenciais que deve ser decidida entre Bolsonaro e Lula (PT).

No dia 12 de janeiro, em entrevista ao site bolsonarista Gazeta Brasil, Bolsonaro voltou a atacar o TSE e disse que Moraes e atual presidente da corte, Luís Roberto Barroso, “são defensores do Lula, querem o Lula presidente”.

Após recuar ao chamar Moraes de “canalha” no ato golpista de 7 de Setembro na Avenida Paulista, Bolsonaro tem voltado a incitar movimentos contra a corte eleitoral.

Na sexta-feira (4), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) voltou a defender o voto impresso, atacar as urnas eletrônicas.

Em um vídeo publicado em seu stories do Instagram nesta quinta-feira (3), o deputado chegou a dizer que “no passado, se alguém escondesse um papelzinho, até comesse o papelzinho com o voto de um candidato, haviam testemunhas pra assistir aquilo e denunciar”.

“Hoje em dia”, prosseguiu, “eu pergunto pra vocês, se houver qualquer fraude com relação à contagem dos votos, quem é que vai poder saber disso? Ninguém”, concluiu.

Fachin, que classificou como “lamentável” a participação de Bolsonaro nos atos golpistas de 7 de Setembro é criticado pelos bolsonaristas por ter devolvido os direitos políticos a Lula.

O ministro também impôs uma série de derrotas a Bolsonaro como a derrubada da alíquota zero para armas.

Fachin, que assume a corte eleitoral no dia 28 – com Moraes como vice – já falou em cassação de candidatos que se utilizarem de métodos para espalhar fake news nas eleições de 2022.

Segundo Fachin, “a desinformação tende, sem dúvida, a impactar de forma muito negativa os processos eleitorais. Em primeiro lugar, prejudica o direito de escolha, na medida em que obsta o acesso a informações adequadas”.

A linha defendida por Fachin é a mesma de Moraes.