Grupo Esquerda Petista é criado com 20 parlamentares no Congresso Nacional

O campo político criado nesta quarta-feira tem como objetivo "radicalizar a democracia interna" do PT e incidir nos rumos da bancada petista na Câmara dos Deputados; leia o manifesto

Parlamentares do PT na abertura dos trabalhos da Câmara em 2019 (Foto: Lula Marques)
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Vinte deputados federais do PT formalizaram nesta quarta-feira (5), junto ao novo líder da bancada do partido, deputado Ênio Verri (PT-PR), a criação de um novo campo político chamado "Esquerda Petista". De acordo com o manifesto divulgado pelos integrantes, o objetivo do campo político é "radicalizar a democracia interna" do partido e "incidir nos rumos da bancada" na Câmara, com destaque especial para a defesa do ex-presidente Lula. "Na condição de parlamentares petistas, continuaremos a pautar nossa ação em consonância com as diretrizes partidárias, em sintonia com as decisões democráticas da Bancada, atuando para fortalecer nossa unidade de ação e radicalizar a democracia interna do PT. Todo nosso empenho militante também estará voltado para alcançar a anulação das sentenças e ações injustas impostas ao companheiro Lula, a fim de inocentá-lo de todas as acusações e de recuperar seus direitos políticos", diz o texto. Os parlamentares justificam a formação do campo político com o fato de que "o confronto com a extrema-direita, com o governo Bolsonaro e seus seguidores", segundo eles, deve ser mais intenso no próximo período. "Para resistir a Bolsonaro, impedir seu governo de prosseguir na destruição dos direitos sociais, da democracia e da soberania nacional, precisamos de uma frente e de um programa de esquerda, na luta por um governo democrático-popular. A cada dia que Bolsonaro permanece no governo, maiores as perdas de direitos para povo e para o Brasil", pontuam os deputados. Integram a nova frente os deputados Afonso Florence, Arlindo Chinaglia, Bohn Gass, Carlos Zarattini, Célio Moura, Frei Anastácio, Jorge Solla, Luizianne Lins, João Daniel, Maria do Rosário, Margarida Salomão, Marcon, Natália Bonavides, Padre João, Paulo Pimenta, Pedro Uczai, Rogério Correia, Rui Falcão, Valmir Assunção e  Zé Neto. O grupo está aberto para o ingresso de outros parlamentares da bancada. Confira, abaixo, a íntegra do manifesto da Esquerda Petista. Nós, deputados e deputadas petistas que subscrevemos o presente Manifesto, formalizamos nesta data a constituição de um campo parlamentar que atuará no interior da bancada do PT na Câmara Federal: a ESQUERDA PETISTA.  Integrada por deputados e deputadas abaixo-assinados, o campo parlamentar ESQUERDA PETISTA abre-se para mais parlamentares que desejem compor conosco, para incidir nos rumos da bancada petista, sem interferir nem se confundir com a ação que as chapas, tendências e grupos desenvolvem na disputa política de ideias no interior do PT.   Na condição de parlamentares petistas, continuaremos a pautar nossa ação em consonância com as diretrizes partidárias, em sintonia com as decisões democráticas da Bancada, atuando para fortalecer nossa unidade de ação e radicalizar a democracia interna do PT. Todo nosso empenho militante também estará voltado para alcançar a anulação das sentenças e ações injustas impostas ao companheiro Lula, a fim de inocentá-lo de todas as acusações e de recuperar seus direitos políticos.  Reiteramos a convicção de que tende a ser mais intenso neste período o confronto com a extrema-direita, com o governo Bolsonaro e seus seguidores. Por isso mesmo é fundamental construir uma alternativa capaz de arrebatar as maiorias – missão que só um partido de esquerda radicalmente democrático e socialista poderá levar a cabo. Nesse sentido, acompanhamos a posição segundo a qual impõe-se dar continuidade e concluir o debate, bem como as tarefas político-organizativas, que o 7º. Congresso deixou em suspenso.   Acompanhamos, também, a opinião de que derrotar o governo Bolsonaro e o conjunto das forças que o sustentam não é, obviamente, tarefa apenas do PT, nem tampouco uma tarefa exclusiva ou principalmente parlamentar. Para resistir a Bolsonaro, impedir seu governo de prosseguir na destruição dos direitos sociais, da democracia e da soberania nacional, precisamos de uma frente e de um programa de esquerda, na luta por um governo democrático-popular. A cada dia que Bolsonaro permanece no governo, maiores as perdas de direitos para povo e para o Brasil.  Evidente que uma frente com tais características não exclui a necessária unidade de ação contra investidas do governo de extrema-direita e ameaças à democracia. Mas são ações pontuais, naquilo que se convencionou denominar de “geometria variável”. Também entendemos que esta frente de esquerda não deve restringir seu raio de ação apenas à campanha eleitoral, mas às mobilizações populares, lutas de rua e resistência. Entretanto, de imediato, precisa organizar-se para o pleito deste ano, visto que o embate nas cidades (que hoje concentram cerca de 85% da população) é parte fundamental do processo mais global da luta de classes. As demandas populares por moradia, água e saneamento, por transporte e segurança, por cultura e lazer, por educação e saúde de qualidade são atualmente, no mundo todo, formas relevantes da luta de classes. O direito à cidade, universal e irrestrito, expressa a imensa gama de direitos humanos reivindicados pelas maiorias historicamente exploradas e oprimidas pela sociedade de classes -– contra o racismo, contra o preconceito, contra o patriarcado, a misoginia e a xenofobia, contra o capitalismo e toda sua engrenagem de produção de desigualdade e destruição ambiental.  Serão as eleições também uma dupla oportunidade: a de confrontar o governo Bolsonaro, os candidatos da direita e a de retomar o legado petista, de gestões democráticas e participativas, com o necessário complemento de propostas e soluções para os problemas locais. A partir deste elenco de ideias — patrimônio comum de nossos mandatos — detalharemos as posições que nosso campo parlamentar defenderá junto à Bancada do PT. Este detalhamento será feito em um Seminário Nacional, cuja pauta e datas definiremos em conjunto com os/as integrantes do campo parlamentar.