Há três anos, Dilma fazia discurso histórico após ser comunicada oficialmente sobre impeachment

"A história será implacável com eles", dizia Dilma em pronunciamento no dia 31 de agosto de 2016

Foto: Roberto Stuckert Filho
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Em 31 de agosto de 2016, o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff era consumado no Senado Federal. O impeachment, movido com claras motivações políticas e sem crime de responsabilidade, recebia a chancela de 61 dos 81 senadores e colocava fim no mandato da primeira mulher eleita presidenta no país. Em resposta, Dilma fez um duro e emocionado pronunciamento, em que destacou que a história seria implacável contra os golpistas. "Travei bons combates. Perdi alguns, venci muitos e, neste momento, me inspiro em Darcy Ribeiro para dizer: não gostaria de estar no lugar dos que se julgam vencedores. A história será implacável com eles. [...] Neste momento, não direi adeus a vocês. Tenho certeza de que posso dizer 'até daqui a pouco'", declarou a ex-presidenta em discurso emocionado. Dilma ainda profetizou o que viria pela frente, destacando que o golpe não acabava ali. "O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social", declarou. "Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment. Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática", disse ainda. O golpe de 2016 abriu brecha para a emergência de figuras como o Jair Bolsonaro, eleito presidente da República em 2018 em uma eleição marcada por mais um golpe contra a democracia: a prisão do ex-presidente Lula. A criminalização da esquerda, como previu Dilma, não se limitou ao PT - e nem apenas à esquerda -, alinhada com a proliferação de notícias falsas promoveu uma onda conservadora nas urnas com reflexos na presidência e no Congresso Nacional. Confira a íntegra do pronunciamento.