Haddad confirma candidatura em 22 caso Lula não concorra e rechaça PDT como alternativa à esquerda

Ex-prefeito, que afirma ainda esperar pela retomada dos direitos políticos de Lula, citou candidatos do PDT que apoiaram Bolsonaro no segundo turno de 2018 e disse que PT é o único "partido de oposição viável eleitoralmente no Brasil"

Foto: Ricardo Stuckert
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Em entrevista à CNN Brasil no início da noite desta sexta-feira (5), o ex-prefeito e ex-ministro Fernando Haddad (PT) confirmou que aceitou ser o candidato de seu partido na eleição presidencial em 2022 caso Lula seja novamente impedido de concorrer.

"É evidente que pelo fato de eu ter representado o PT em 2018 e ido para o segundo turno, o meu nome está colocado. Mas antes disso nós vamos discutir com o país 2021, a recuperação da economia e da saúde pública, para aí sim nos apresentarmos em 2022 se isso for necessário", disse o petista.

Haddad ponderou dizendo "se isso for necessário" pois ele acredita ainda que Lula possa ter seus direitos políticos restabelecidos no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que vai determinar se o ex-juiz Sérgio Moro foi suspeito ou não na condenação do ex-presidente pelo caso do chamado "triplex do Guarujá". Caso a Corte atenda ao pedido da defesa de Lula e o ex-metalúrgico possa concorrer, naturalmente ele seria o candidato do PT.

"Nós estamos na eminência de uma decisão do STF sobre a conduta do juiz Sérgio Moro com relação ao Lula. Há uma pendência no STF que foi abastecida com provas eloquentes sobre a maneira como ele se conduziu em relação a um cidadão que não tinha cargo, que não tinha mandato, e as provas são muito evidentes da maneira como Sérgio Moro atuou na acusação", disse Haddad.

"Ele não foi um juiz, foi um acusador que liderou a força tarefa da Lava Jato em Curitiba. E é o único juiz que Lula arguiu a parcialidade. Nós vamos aguardar agora as próximas semanas, talvez os próximos meses, uma definição sobre isso (...) O Lula recuperando os direitos políticos, evidentemente a discussão é de outro nível, porque o Lula seria eleito em 2018 se pudesse concorrer", completou o ex-prefeito.

Perguntado sobre a derrota de Baleia Rossi (MDB-SP) para Arthur Lira (PP-AL) na disputa pela presidência da Câmara, e se o fato não demonstraria que a chamada "frente ampla" com partidos de centro não teria dado certo, o petista disse que partidos como DEM e o PSDB não estão fazendo oposição real ao governo Bolsonaro.

"Eu peço a quem está nos assistindo que pondere: esses partidos não estão fazendo oposição ao governo Bolsonaro. É um jogo de cena. O DEM apoiou o Arhtur Lira e está querendo agora um aconchego no governo Bolsonaro. Metade da bancada do PSDB votou no Arhtur Lira. Já estão dizendo que talvez não tenha nem candidato em 22, porque apoiaram Bolsonaro em 18. Os três candidatos do PSDB [a governos estaduais] que foram para o segundo turno [em 2018] apoiaram explicitamente o Bolsonaro", pontuou.

Na mesma entrevista, Haddad ainda rechaçou o PDT de Ciro Gomes como uma alternativa para a esquerda na próxima eleição presidencial.

"Também o PDT. Três candidatos que foram ao segundo turno [em 2018], Amazonino Mendes [candidato ao governo do Amazonas] , juiz Odilon [candidato ao governo do Mato Grosso do Sul] e Carlos Eduardo [candidato ao governo do Rio Grande do Norte], apoiaram o Bolsonaro no segundo turno. Você só tem um grande partido de oposição viável eleitoralmente no Brasil. E esse partido não pode se furtar a apresentar projeto alternativo ao que representa o governo Bolsonaro", declarou.