Haddad em artigo na Folha: Nem Bolsonaro nem Moro são dignos dos cargos que ocupam

O ex-prefeito chama a atenção para o fato de Moro ter dito que “os governos do PT garantiram a autonomia da PF, sem o que a Lava Jato não se realizaria”

Bolsonaro e Sergio Moro - Foto: Isaac Amorim/MJSP
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O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, comentou em seu artigo deste sábado (25), na Folha de S.Paulo, a crise que se abriu entre o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) e o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. Para Haddad, “nem Bolsonaro nem Moro são dignos dos cargos que ocupam. Fora”.

O ex-ministro da Educação diz que “as acusações mútuas que se fizeram Moro e Bolsonaro são gravíssimas. Moro acusou o chefe de querer interferir politicamente nas investigações da PF. Bolsonaro acusou seu ministro de concordar com a troca do diretor-geral apenas depois de ele, Moro, ser indicado para uma vaga no STF. Como se vê, tudo muito ‘republicano’”, ironiza.

Haddad adverte que o próprio Moro, ao acusar seu ex-chefe confessou também uma irregularidade. “Moro negociou sua ida para o ministério em troca de uma pensão para a família caso viesse a faltar. O homem que ganhou salário de juiz por mais de vinte anos, não raro acima do teto constitucional, negociou uma pensão não prevista em lei. Quem pagaria? Como foi acertado esse arranjo? E os demais brasileiros que arriscam a vida diariamente?”, pergunta.

Por sua vez, Bolsonaro confirmou, prossegue Haddad, “que, de fato, queria nomear um diretor-geral com quem ele pudesse interagir diretamente. Assumiu também que determinou a substituição do superintendente da PF no Rio de Janeiro, cidade em que atos suspeitos de seus filhos estão sendo investigados”.

Ao final, Haddad lembra que “novamente, Moro deixou a admiração aos governos do PT nessa seara. Já na absurda sentença condenatória que tirou Lula da disputa presidencial que liderava, pavimentando a vitória daquele a quem serviria, ele declara que Lula foi o presidente que, como poucos, fortaleceu as instituições de combate à corrupção. Ontem, repetiu-se: os governos do PT garantiram a autonomia da PF, sem o que a Lava Jato não se realizaria”, encerra.