Haddad vai ao Ceará, toca guitarra e comanda a militância: “Lula livre”

Ex-prefeito de São Paulo e candidato à presidência pelo PT em 2018, Fernando Haddad reforçou a ideia de que a democracia precisa de oposição

Foto: Ricardo Stuckert
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Por Agência PT de Notícias Nesta sexta-feira (15), o candidato do PT nas eleições de 2018, Fernando Haddad, visitou o estado do Ceará para celebrar os 39 anos do Partido dos Trabalhadores e para fortalecer a luta pela liberdade do ex-presidente Lula. O principal ato em Fortaleza aconteceu por volta das 20h em um hotel no bairro do Meirelles. Estiveram presentes lideranças do Partido dos Trabalhadores no estado, como Luizianne Lins e José Guimarães. Haddad foi recebido aos gritos de “Lula Livre” por uma plateia animada e agradeceu à militância do estado, lembrando que a retomada da campanha aconteceu em Fortaleza com tal força que os adversários políticos se sentiram ameaçados. Ele ainda afirmou que se Lula não estivesse preso, nem segundo turno haveria nas eleições. “Fake news funciona melhor com quem é menos conhecido, e eu tive 40 dias de campanha, o Lula tem 40 anos de vida pública. Ia ser muito difícil com Whatsapp enfrentar o Lula. E mesmo assim tivemos 45% dos votos. Tenho certeza que se não fosse tudo que fizeram com o Lula, teriam perdido a eleição”. Defendendo o ex-presidente, Haddad afirmou que “a gente se apega a alguns princípios que a gente não abre mão. Eles achavam que a gente defende o Lula para ganhar as eleições, mas a gente defende ele por princípio. Ninguém aqui defende coisa errada, ninguém defende quem errou, ainda que possa manter a amizade, mas a nossa defesa do Lula é jurídica”. “Como advogado, eu falo que crime de corrupção tem pressuposto, a pessoa tem que tomar uma decisão que contraria o interesse público. O acusador tem que dizer que a pessoa, ocupando tal cargo, nesse cargo contrariou o princípio público em troca de vantagem. Isso não está provado em nenhum processo contra o Lula e isso não estará provado em canto nenhum porque não apareceu até hoje. O Lula deixou a presidência há anos, reviraram a vida dele, se tivessem apresentado uma conta no exterior, uma mala de dinheiro, um cartão internacional, qualquer coisa”. Haddad afirmou que a segunda sentença contra o ex-presidente tinha trechos idênticos ao da primeira, mostrando como a justiça já tem pré-julgado o caso de Lula. “Os argumentos são os mesmos, não tem nada novo. Faz supor que será o mesmo no quarto e no quinto. Falar Lula Livre não tem a ver com eleição, tem a ver com o estado democrático de direito que a gente acredita”. “Outra coisa que não entendem. Acho que esqueceram de como é o PT na oposição”, ironizou o ex-prefeito de São Paulo. “Às vezes perguntam se a gente já vai fazer oposição. Na democracia você tem que rezar para ter oposição. Ter alguém que fiscaliza e aponta os erros do governo é sempre em proveito da sociedade. É a oposição que proporciona os melhores resultados da sociedade”. Haddad destacou que a participação política para os membros do Partido dos Trabalhadores não é apenas a cada 4 anos, nas eleições. “Não dissociamos nossa atividade profissional da nossa militância e da nossa cidadania. Por isso criamos sindicatos, centrais sindicais, ajudamos movimentos populares. Nos reunimos hoje com os movimentos para ouvir o que querem para o Brasil. A gente formula a partir da base e por isso temos êxito com a sociedade”. “Eles imaginavam que era só prender o Lula que estava liquidada a fatura. Vamos continuar na rua pedindo Lula Livre e justiça, porque Lula Livre é questão de justiça”. “Quando a gente vai para a rua com as centrais e com os movimentos populares, a gente está defendendo o país e o que achamos de melhor para o país. Esse governo já deu motivo para estarmos na rua. Eu nunca vi alguém desmontar tanta coisa em 45 dias como o governo Bolsonaro”. Lembrando dos diversos episódios envolvendo ministros do atual governo, como as falas despropositadas de Damares Alves, a entrevista preconceituosa de Ricardo Veléz e a ignorância de Ricardo Salle, Haddad disse que “a  gente precisa levar a sério esse governo porque ele é perigoso, ele representa um perigo para a população”. “O Brasil chegou no ponto de ter na presidência da República uma pessoa na qualidade do Bolsonaro e uma equipe que é a cara dele. Nós teremos que ir pra rua e salvaguardar as conquistas do povo brasileiro. Se hoje temos universitários pretos e pobres, é culpa do PT. Levamos 500 anos para isso. Não fizemos mais que a obrigação, levamos água para nordeste, luz para todos, 1 milhão de cisternas, isso tudo se deve a governos comprometidos que acordaram e foram dormir pensando no país”. “Estamos começando pelo Ceará, mas não vamos parar. Temos a melhor bancada do Congresso Nacional, com 55 deputados, os melhores daquela casa, os mais preparados. Temos os melhores quadros, temos a melhore militância, não vamos esperar. Nossa democracia é diferente da deles, para eles é a cada 4 anos, por isso são golpistas inclusive”. “Na política não existe guerra, existe batalha. Você pode perder uma batalha, mas no dia seguinte precisa estar de cabeça erguida para a próxima. A vida é essa continua transformação. Esse partido é imprescindível para o Brasil. Ainda quero ver neste país uma esquerda tão ampla que esse partido será uma estrela em uma constelação. E isso já aconteceu em outros países, no Uruguai, em Portugal, a Espanha que está em dificuldade agora tem mais um partido de esquerda”. “A gente tem que estar na rede social, na grande imprensa, nas ruas, mas a gente tem que estar junto. Você não vai conseguir no Facebook sentir a energia aqui. Por isso a gente faz comício, assembleia, reunião. Nada substitui o olhar no olho, o sentimento que a gente tem de pertencimento ao sonho que todos sonhamos”, finalizou Fernando Haddad. Música No fim da tarde desta sexta-feira (15), Haddad fez uma breve visita à Feira da Música, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. No auditório, o professor segurou uma bandeira trans com os dizeres “Lula Livre”, fez uma menção ao voto do ministro do STF Celso de Mello sobre a criminalização da homofobia, comentou o assassinato cruel do jovem Pedro Gonzaga, morto por um segurança de um supermercado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ele comentou ainda a falta de conhecimento do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre Chico Mendes. Haddad fez ainda críticas ao governo Bolsonaro. “Esse governo tem um problema grave com quem pensa criticamente, seja no âmbito da ciência, seja no âmbito das artes, seja no âmbito da política”. Ele ainda acrescentou. “Eu acredito que o povo brasileiro vai dar uma resposta para o que está acontecendo assim que ele acordar. Mas para ele acordar, quem já acordou precisa cutucar o vizinho. É assim que funciona”. Guitarra Fernando Haddad subitamente subiu ao palco durante a passagem de som do cantor cearense Daniel Groove e tocou, junto com a banda, a canção “Jardim Suspenso”, de autoria do artista local. Jornalistas Depois da visita musical, Haddad fez uma breve coletiva de imprensa em que falou sobre sua passagem pelo Ceará como uma continuidade dos trabalhos realizados na campanha presidencial do ano passado. Ele afirmou. “Democracia sem oposição não existe”. Sobre as viagens que acontecerão pelo Brasil, Haddad afirma. “O centro disso passa pela campanha Lula Livre, que é uma determinação do partido com a qual eu concordo 120%”. Ele ainda acrescenta sobre a decisão da juíza Gabriela Hardt na segunda condenação de Lula. “Nós temos uma tese, essa tese não foi superada, o que se levou a juízo não convenceu nenhum de nós”. Assistam ao vídeo:

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