Huck diz que Brasil é "pobre por escolha" e lamenta por não produzirmos "tênis mais baratos que a China"

Em extenso artigo, apresentador da Globo tenta se colocar como o anti-Bolsonaro na política ambiental e promove roteiro acatado por bancos para investir "voluntariamente" na "criação de uma economia limpa"

Luciano Huck em aula a alunos do RenovaBr (Foto: Reprodução)
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Em busca de se colocar como uma alternativa "apartidária" para 2020, o apresentador Luciano Huck publicou um extenso artigo na Folha de S.Paulo neste domingo (18) e, logo na abertura, lamenta que "no espaço de uma geração não iremos produzir tênis mais baratos que a China", além de afirmar que o Brasil é "pobre por escolha".

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"Sigo achando que no espaço de uma geração não iremos produzir tênis mais baratos que a China, tampouco componentes eletrônicos mais competitivos que Taiwan. Mas sigo também acreditando que nenhum outro país no planeta tem o potencial natural que o nosso. Somos um país rico por natureza, e pobre por escolha. Assim sendo, já está mais do que na hora de entendermos que pensar verde, além de fazer bem para nossa consciência, fará ainda mais pelos nossos bolsos", inicia o texto o milionário apresentador da Globo.

No artigo, Huck faz críticas veladas a Jair Bolsonaro por não seguir o "Green Deal" em busca de atrair investimentos focados na "criação de uma economia limpa" - "Todo o dinheiro, todo o esforço econômico, toda a política social, todo o desenho de organização do mercado".

"[O Brasil] é o país mais distante da adoção das metas nacionais de transição para uma economia limpa. O governo federal planeja e –pior– executa na direção contrária. Governos estaduais hesitam em abraçar essa agenda. Os candidatos a prefeito deveriam ter em seus programas como efetivamente pretendem melhorar a situação ambiental de sua cidade —mas em geral não têm", escreve Huck, ressaltando que "andamos na contramão do mundo por gosto, não por precisão".

Garoto-propaganda do Itaú - e da subsidiária XP Investimentos -, Huck promove o roteiro sob as "cláusulas ESG (Environmental, Social, Good Governance –Ambiental, Social e Boa Governança, em português)". "É acatado pelos maiores fundos de pensão, seguradoras, grandes fundos de investimento – e por uma infinidade de bancos e empresas. Todos optando voluntariamente por aportar dinheiro segundo essas cláusulas".

Citando União Europeia, China e até Estados Unidos como região e países que querem uma "matriz energética limpa" até 2050, Huck critica o "ritmo que a banda toca" com Bolsonaro.

"Corremos um seríssimo risco de sermos enquadrados pelas três maiores economias do mundo como um país irresponsável na luta pelo equilíbrio ambiental. Nos últimos anos, detentores de grandes capitais vêm tentando convencer as autoridades brasileiras que estão fazendo o pior negócio do mundo ao chutar o dinheiro ESG. Se houver união dos governos das três grandes economias nesse jogo de pressão, restrições mundiais à produção brasileira entrarão muito depressa no horizonte".