A imagem do governo Temer: Professor pede dinheiro no farol

“O que me levou a isso é o desespero. Tenho que receber o que é meu de direito. Estou devendo metade do aluguel do mês passado e o desse mês já venceu. Da escola de um dos meus filhos, não paguei a mensalidade do mês passado”, lamentou

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“O que me levou a isso é o desespero. Tenho que receber o que é meu de direito. Estou devendo metade do aluguel do mês passado e o desse mês já venceu. Da escola de um dos meus filhos, não paguei a mensalidade do mês passado”, lamentou Da Redação* O professor da rede pública de ensino de Duque de Caxias, Silvio de Oliveira Alves, 54 anos, chegou ao seu limite na espera por uma resolução para o atraso dos salários por parte do município. Há cerca de um mês, o docente teve de pedir trocados aos motoristas em um cruzamento da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Alves não recebe salário deste setembro: “O que me levou a isso é o desespero. Tenho que receber o que é meu de direito. Estou devendo metade do aluguel do mês passado e o desse mês já venceu. Da escola de um dos meus filhos, não paguei a mensalidade do mês passado”, lamentou. Reportagem da Caxias TV Comunitária com o professor Silvio de Oliveira Alves Os trocados recebidos pelo professor, que possui duas matrículas pelo município, foram utilizados para uma finalidade: “Moro na Taquera (Zona Oeste do Rio) e uso o BRT para trabalhar em Caxias. Hoje, eu estou pedindo dinheiro para ir trabalhar. O que sobrar vou usar no dia a dia. Hoje, se a prefeitura me pagasse outubro, novembro, dezembro e o 13º, eu ainda ia ficar devendo porque esse problema se arrasta desde julho. Já peguei empréstimo em financeira e de várias pessoas para não passar fome", contou ao UOL. O salário do professor é a única fonte de renda da família. Alves tem dois filhos: Alexander, 12, e Jorge Henrique, 20. A mulher, Aleanda, 39, não pode trabalhar por problemas de saúde. "Depois de uma cirurgia bariátrica, ela teve complicações. Mesmo em casa, ela passa mal. Tem problemas nos rins, estômago. Toma medicamentos caros, faz reposição de vitaminas. Meu filho mais novo tem saúde complicada, é muito alérgico. Pago aluguel. Meu plano de saúde custa R$ 2.500. Pago escola", enumera ele, que mora na Taquara, bairro da zona oeste carioca. A presença do professor chamou a atenção de quem passava pelo local. "A maioria das pessoas têm bom coração, mas não têm muito para ajudar, então dão moedas mesmo. Mas consigo comprar as coisas do dia a dia. Às vezes pagar alguma conta. Algumas ficam constrangidas do valor e me pedem desculpas por só ter aquele valor. Ouço muito 'parabéns', 'força', 'não desista'. Dizem que admiram minha coragem", afirma. Alves leva para o local contas que estão atrasadas. Não para mostrar aos motoristas que param, mas para ter em mãos caso o valor arrecadado seja suficiente para pagá-las. Certo dia, uma mulher parou e lhe ofereceu emprego. "Como eu falei que já trabalhava, ela se ofereceu para me ajudar e pagou uma conta de luz, de R$ 200. Não tive nem palavras para agradecer. Na hora fiquei emocionado, quase chorei. Ela também ficou muito comovida. A filha foi o anjo. Ela passou de carro e a menina me viu e pediu para passar aqui de novo", contou Alves. Procurada, a Prefeitura de Duque de Caxias lamentou a situação dos servidores. O município informou que tenta solucionar os problemas com os vencimentos desde o início do ano. A promessa é de iniciar "nos próximos dias" o depósito dos salários de setembro dos mais de 18 mil funcionários ativos, aposentados e pensionistas. *Com informações da Caxias TV Comunitária e do UOL