Imóveis de luxo fazem de Santos a cidade mais verticalizada do país

O fenômeno não se reflete em adensamento populacional. A cidade tem carência de moradias para a classe média e média baixa

Santos SP - Diego Torres Silvestre/Flickr
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Santos, no litoral de São Paulo, é a cidade mais verticalizada do Brasil. Este é o resultado do levantamento inédito realizado pelo ZAP Imóveis, que detalhou os dados do último Censo realizado pelo IBGE e criou o ranking. O balneário paulista tem 63% de verticalização. Para chegar ao resultado, o grupo ZAP dividiu o número de prédios pelo número de ­casas. O levantamento segue com Balneário Camboriú (SC), com 57%, Porto Alegre (RS), com 47%, Vitória (ES), com 43% e Niterói (RJ), com 42%. Verticalização desmedida Para o professor de arquitetura e urbanismo, Rafael Ambrósio, a verticalização em Santos não reflete adensamento populacional, uma vez que o modelo de imóvel que se produz, principalmente na praia, é o de apartamentos voltados para alta renda, enquanto o grande grupo de pessoas que demandam por moradia são de classe média e média baixa. “O mercado imobiliário de Santos hoje não é voltado pro santista. Já existem vários dados que apontam santistas comprando imóveis em cidades vizinhas, pois não conseguem pagar os preços de Santos”. Rafael diz ainda que o modelo de ocupação impacta no ambiente urbano, pois permite a construção de prédios muito altos e grandes caixas de garagens, o que encarece o preço do imóvel, além de prejudicar a ventilação e a incidência do sol da cidade. “Além disso, há o que a gente chama de embasamento por ser uma verticalização espraiada. Qualquer lugar da cidade consegue hoje receber um prédio com um número de pavimentos maiores. Então a gente tem bairros como o Marapé, José Menino, Encruzilhada, Campo Grande com torres verticais em áreas de habitação horizontal. Essa verticalização dispersa impacta negativamente no ambiente urbano”, finalizou. Um caso à parte Santos, porém, foi um caso à parte. A cidade recebeu grandes investimentos imobiliários a partir de 2006, com o anúncio da descoberta da camada do pré-sal anunciada pela Petrobras. O preço dos imóveis, por conta disso, chegou a quase dobrar. A revista Exame, em matéria de dezembro de 2013, apresentou um estudo do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). O documento aponta que o preço médio do metro quadrado de um imóvel residencial de um dormitório, por exemplo, passou de R$ 2.602 para R$ 5.182 de agosto de 2006 a abril de 2011. A quantidade de imóveis vendidos também aumentou de forma expressiva. Em agosto de 2006, 162 imóveis de três quartos haviam sido negociados na Baixada Santista. Em abril deste ano, foram comercializados 540 imóveis desse tipo, quase 3,5 vezes mais. Com os escândalos envolvendo a Petrobras, o investimento na região diminuiu significativamente. Aliado a isso, as sucessivas crises provocaram redução significativa na venda de imóveis e atingiram em cheio as empreiteiras e o setor imobiliário. Entre as dez primeiras cidades mais verticalizadas, aparecem ainda empatadas, com 38%, a cidade paulista São Caetano do Sul, a capital carioca Rio de Janeiro e a catarinense Florianópolis; seguidas da mineira Viçosa (36%) e da catarinense São José (34%). Com isso, observamos que os destaques se concentram nas regiões sudeste e sul do País. A pesquisa também analisou as cidades com mais domicílios tipo apartamento. Nesse quesito, Santos é a única cidade “não capital” que aparece entre as dez primeiras posições, com 91 mil unidades. São Paulo ficou na liderança, rompendo a barreira de um milhão de apartamentos. Na sequência estão Rio de Janeiro (806 mil), Belo Horizonte (251 mil), Porto Alegre (237 mil), Salvador (204 mil), Brasília (198 mil), Curitiba (152 mil), Fortaleza (126 mil), Recife (124 mil) e Santos (91 mil).